Ponto para Palocci DORA KRAMER
Ministro dribla agenda da crise e exibe perfeita harmonia com o modo lulista de operar A olho objetivamente nu é impossível vislumbrar as razões pelas quais tantos apostam com tanta certeza na despedida iminente do ministro Antonio Palocci. Não que ele deixar a Fazenda seja uma hipótese fora de cogitação, seja por eventualidades vindouras, seja por simples decisão dele ou do presidente da República. Sua saída agora teria motivos ainda invisíveis, pois, no presente momento, nada de diferente ocorre para justificar a demissão de auxiliar presidencial da importância do ministro da Fazenda. O presidente Luiz Inácio da Silva disse que a política econômica não vai mudar, Palocci externou compreensão com as bem ensaiadas más-criações da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e, no tocante às denúncias de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto, o ministro segue rigorosamente o roteiro em voga: deprecia o conteúdo, critica a forma, atribui tudo a perseguições políticas e professa fé na ética, defendendo "apurações rigorosas", mas não atiça com carga pesada seus acusadores. O ministro da Fazenda está, portanto, em perfeita consonância com o modo petista, e sobretudo lulista, de operar. Até o "bico" registrado pelas câmeras em solenidade no Palácio do Planalto na segunda-feira e logo interpretado como sinal de desconforto explícito integra-se à perfeição ao novo cenário que o governo, com surpreendente habilidade (de cunho imediatista, pois como diz o outro, as conseqüências vêm depois) conseguiu construir em substituição àquele onde predominava o tema corrupção. Considerando que ministro não "emburra", vai embora ou absorve o golpe sem passar recibo, ali ou Palocci fez jogo de cena ou foi alvo de interpretações precipitadas pautadas pela síndrome do dilema inexistente. A realidade de hoje - a conjuntura não autoriza análises com prazo de validade superior a 24 horas - é que está tudo transcorrendo nos conformes para o ministro da Fazenda. Já está na sua segunda sessão de audiências públicas no Congresso em meio à crise e até agora não foi pego em inadequações graves. Claro, poderia ter sido mais convincente em relação ao seu plantel de assessores em Ribeirão Preto, não precisaria ter explicitado a suspeição de que a Justiça brasileira não é cega às influências do poder dizendo que não processa seus acusadores para não "constrangê-los" com o peso de uma ação movida por ministro de Estado, mas, noves fora, até aonde a vista alcança, está fazendo o serviço muito bem feito para si e para o governo. A oposição não fez dele o picadinho pretendido (não por todos), tampouco fez-se valente quanto à convocação à CPI dos Bingos usada na semana passada pelo PSDB e pelo PFL como justificativa estratégica para não questioná-lo a respeito das denúncias na Comissão de Assuntos Econômicos. Ontem a CPI inovou na modalidade do chamado: nem convida nem convoca, apenas "avisa" o ministro da intenção de ouvi-lo, deixando o restante - o principal - a critério dele. Se não houver novidades no horizonte, não conviria apostar nem na brevidade nem na utilidade desse encontro que, com toda fidalguia e maciez, o ministro da Fazenda fará de tudo para esvaziar. Ponto, parágrafo Desde antes da posse do presidente Luiz Inácio da Silva os petistas alimentam o discurso de que mais dia menos dia surgirá um Plano B para a economia. O debate em geral ressurge em períodos de dificuldades políticas. Ontem, mais uma vez, o ministro da Fazenda manifestou convicção na inexistência de receita nova: "A política econômica faz o melhor do que existe disponível para ser feito não só no Brasil, mas no mundo." Dissonância A pesquisa CNT-Sensus mostra mais que o agravamento das relações de confiança e aceitação entre o presidente Lula e a população. Mostra uma acentuada discrepância entre a percepção da sociedade sobre os escândalos envolvendo o PT e a versão governista a respeito do tema. O discurso do presidente, do ministro da Fazenda, do deputado José Dirceu e dos petistas em geral é de desdém quanto à substância das acusações. Pela pesquisa, 64,6% das pessoas acham que o curto-circuito ético terá influência no voto de 2006 e 77,5% acreditam que novas denúncias ainda vão surgir. Ou seja, na sociedade a maioria dá crédito aos episódios em cartaz há seis meses e ainda acha que há mais a ser revelado. A parte da avaliação eleitoral registrada na consulta nem tem tanto peso no que tange à disputa presidencial propriamente dita, visto que a campanha ainda não começou de fato. Uma vez iniciado o embate, o governo tanto pode perder quanto ganhar, sendo a recíproca verdadeira para a oposição. Complicado é o índice de 72,6% de pessoas com a convicção de que a imagem do presidente foi afetada pela crise e de 82,1% que antecipam rejeição aos políticos envolvidos em irregularidades. Somando um indicador ao outro, consolida-se um critério de voto altamente desfavorável para Lula.
| |
|
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quarta-feira, novembro 23, 2005
DORA KRAMER Ponto para Palocci
OESP
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
novembro
(452)
- PT, a frustração de Marx
- Pisavam nos astros, distraídos... CÉSAR BENJAMIN
- Quem pode ser contra as políticas sociais?
- José Nêumanne O mandato de Dirceu vale uma crise?
- LUÍS NASSIF Tem marciano no pedaço
- FERNANDO RODRIGUES Os sinais das bengaladas
- CLÓVIS ROSSI De "exército" a supérfluos
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- MERVAL PEREIRA Continuidade
- ELIO GASPARI As leis da burocracia no apocalipse
- MIRIAM LEITÃO Destinos da América
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- Nota (infundada) de falecimento Luiz Weis
- DORA KRAMER Controle externo subiu no telhado
- Lucia Hippolito As trapalhadas do Conselho de Ética
- O PT reescreve a história
- LUÍS NASSIF A dama de ferro
- Fazenda promete liberar R$ 2 bi para investimentos...
- JANIO DE FREITAS Pinga-pinga demais
- ELIANE CANTANHÊDE Não é proibido gastar
- CLÓVIS ROSSI Votar, votar, votar
- Jarbas Passarinho Maneiras diversas de governar
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- DORA KRAMER Movimento dos sem-prumo
- ALI KAMEL Não ao Estatuto Racial
- Arnaldo Jabor Vamos continuar de braços cruzados?
- MERVAL PEREIRA A paranóia de cada um
- Luiz Garcia Joca Hood
- MIRIAM LEITÃO Meio-termo
- AUGUSTO NUNES Iolanda só quer morrer em casa
- A hora das provas
- Carlos Alberto Sardenberg Menos é melhor
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- Denis Lerrer Rosenfield A perversão da ética
- Alcides Amaral O circo de Brasília
- FERNANDO RODRIGUES Uma boa mudança
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- Lucia Hippolito O Supremo entrou na crise
- Lula é que é a verdadeira urucubaca do Brasil. Há ...
- A voz forte da CPI
- AUGUSTO NUNES O atrevimento dos guerreiros de toga
- MERVAL PEREIRA Mentiras políticas
- MIRIAM LEITÃO A balança
- Gaudêncio Torquato Lula entre o feijão e o sonho
- Paulo Renato Souza Há dez anos nascia o Provão
- DORA KRAMER Crise faz Jobim antecipar decisão
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Os Independentes do Ritmo
- RICARDO NOBLAT Lições esquecidas em Cuba
- Celso Ming - Má notícia
- Daniel Piza O homem-bigode
- Mailson da Nóbrega Cacoete pueril
- FERREIRA GULLAR Paraíso
- DANUZA LEÃO Bom mesmo é namorar de longe
- LUÍS NASSIF O iconoclasta internacionalista
- Negociações comerciais e desindustrialização RUBEN...
- ELIO GASPARI
- JANIO DE FREITAS De olho na TV
- ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES Gargalos brasileiros Tra...
- ELIANE CANTANHÊDE O sonho da terceira via
- CLÓVIS ROSSI Nem para exportação
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- As manchetes deste sábado ajudam a campanha da ree...
- VEJA Como Darwin influenciou o pensamento moderno
- VEJA André Petry Soltando os presos
- VEJA Tales Alvarenga Bolcheviques cristãos
- VEJA Diogo Mainardi Posso acusar Palocci?
- VEJA MILLÔR
- VEJA Roberto Pompeu de Toledo A farsa cruel de um ...
- VEJA PSDB e PFL pegam leve de olho na governabilidade
- VEJA Como a turma de Ribeirão quase virou dona de ...
- VEJA Palocci vence queda-de-braço com Lula
- Corrupção ontem e hoje ZUENIR VENTURA
- MERVAL PEREIRA Dilema tucano
- MIRIAM LEITÃO Boa forma
- Complacência da imprensa Mauro Chaves
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- DORA KRAMER Imponderados Poderes
- Fogo baixo GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES A tese da alternância
- CLÓVIS ROSSI A vassoura e a China
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO
- LULA TEM JEITO? por Villas-Bôas Corrêa
- Lula sabia, diz empresária
- Cadastro de internet
- MERVAL PEREIRA Até Lúcifer
- LUIZ GARCIA Cuidado: eles cobram
- MIRIAM LEITÃO A lona cai
- EDITORIAIS de O ESTADO DE S.PAULO
- DORA KRAMER Impasse continuado
- LUÍS NASSIF Cartas à mesa
- "Sou Palocci desde criança" LUIZ CARLOS MENDONÇA D...
- ELIANE CANTANHÊDE Em pé de guerra
-
▼
novembro
(452)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA