Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 26, 2005

VEJA Diogo Mainardi Posso acusar Palocci?



"Lula declarou que Palocci é imprescindível.
Por isso eu quero que ele caia. Palocci
está salvando Lula. Quem salva Lula
é ruim para o país"

Rogério Buratti acusou Antonio Palocci de receber uma propina mensal de 50.000 reais, quando era prefeito de Ribeirão Preto. Palocci disse que não vai processar Buratti. Ele disse também que não vai processar os jornalistas que o acusaram. Isso é bom para mim. Isso é bom para toda a imprensa. Eu, que não sou tonto, resolvi aproveitar. É raro encontrar um político disposto a apanhar sem reclamar. Posso acusar Palocci quanto quiser. Posso difamá-lo. Posso insultá-lo. Posso contar tudo o que sei a seu respeito, embora não tenha como prová-lo. Porque Palocci disse que não vai processar ninguém.

Mandei uma mensagem ao seu secretário de imprensa, Marcelo Netto, só para garantir que não o interpretei equivocadamente:

O ministro Antonio Palocci promete não me processar, mesmo que eu o acuse pesadamente?

Marcelo Netto não me respondeu. Reformulei a pergunta:

Rogério Buratti acusou o ministro Palocci e não está sendo processado. Outros jornalistas acusaram o ministro Palocci e não estão sendo processados. Será que eu também posso acusá-lo?

Mais uma vez, Marcelo Netto me ignorou. Liguei para seu gabinete. Ele não me atendeu. Liguei de novo. Ele estava em reunião. Mandei-lhe uma terceira mensagem:

O ministro Palocci me processaria se eu o acusasse de ter arrecadado dinheiro sujo para a campanha eleitoral de Lula?

Estou esperando uma resposta até agora. Marcelo Netto sumiu. Não sei se tenho a permissão para acusar Palocci. Imagino que sim. Se Buratti pode, por que eu não poderia? Por outro lado, Palocci e Buratti são velhos companheiros. Já repartiram tudo, inclusive a mesma recepcionista de Anápolis.

Lula declarou que Palocci é imprescindível. Por isso eu quero que ele caia. Palocci está salvando Lula. Quem salva Lula é ruim para o país. O melhor para todos seria que Palocci pedisse demissão e Lula abrisse o cofre. Um ano de crise financeira bastaria para acabar com o lulismo pelos próximos trinta anos.

Palocci está certo quando afirma que é necessário cortar despesas e aumentar o superávit fiscal. Ele só escolheu a maneira errada para cumprir a tarefa. Não dá para depender apenas do aumento de impostos e do contingenciamento de gastos. O Brasil precisa de cortes estruturais. Lula teve sua melhor oportunidade em 2003, com a reforma previdenciária. Para aprová-la, pagou o mensalão, liberou 700 milhões de reais em emendas parlamentares e expulsou do PT gente como Heloísa Helena e Babá. Foi inútil, tanto que, na última reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, Palocci admitiu que os gastos previdenciários continuam fora de controle.

Ocorreu-me mais uma pergunta. Mandei-a ao secretário de imprensa de Palocci:

O ministro Palocci prometeu que a carga tributária lulista não superaria a do governo anterior. Pelos dados da Receita Federal, a carga tributária da União entre 1999 e 2002 correspondeu, em média, a 23,25% do PIB. Nos dois primeiros anos do governo Lula, ela pulou para 24,63%.

Posso chamar Palocci de mentiroso?

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