Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 26, 2005

VEJA MILLÔR

PANDEMIA
Em Copacabana muitas pessoas estão sendo atingidas por tiros de chumbinho. Eu não disse? Esse negócio de estimular o ego dos traficantes juvenis tinha fatalmente que provocar o terrorismo infantil.

Nosotros

De vez em quando acordo preocupado com um problema da Grécia, uma frase de Napoleão, com alguma coisa que não entendi em Pascal.

Não bastava a minha própria vida, a infância que volta, a projeção quase sempre negativa do futuro? Por que é que a natureza faz a gente se lembrar de mais coisas do que viveu?

No princípio, vocês se lembram, dos estudos de História do Brasil, era aquele negócio das especiarias. Ainda não existíamos, mas os navios lusitanos já cortavam os mares no caminho do Oriente, em direção às Índias, em busca de noz-de-cola, noz-vômica, noz-moscada. Numa dessas idas e vindas teve aquela das calmarias – é o que eles contam – e fomos descobertos. Por acaso. Tropeçaram na gente. Tudo índio.

Descobertos por povo marítimo e povo marítimo nós mesmos (sempre tivemos as costas largas), era natural que medida marítima, o nó náutico, nos fosse tão importante. Como, daí em diante, foram importantíssimos pra nós os nós da madeira do pau-brasil que exportávamos com nó na garganta (sabendo já que exportávamos meio ambiente), ameaçados pelo nó da forca portuguesa.

E fomos nos civilizando: nossos índios aprenderam a dar nó no sapato e na gravata e quando sentiam nó nas tripas já não se tratavam com os nós das cobras. Ficaram supersticiosos, batendo com os nós dos dedos (toc! toc!), e, catequizados pelos padres, acabaram aderindo ao nó matrimonial católico.

Tinha que dar nisso – somos hoje um povo cheio de nós pelas costas. Desafiados pelo nó do enredo, o nó da questão, nossos líderes transformaram o nó corredio num nó cego que ninguém desata. O que permite a continuação do tremendo "Venha a nós". Embora a maioria ache que chegou, enfim, nosso Alexandre, aquele que terá coragem de meter a espada nesse nó górdio. Dizem que é o Garotinho.

 

ODE À NANOTECNOLOGIA ERÓTICA

Tem people que me patrulha
Porque, ao ver qualquer gata,
Solto logo meu miau.
Que isso tem o perigo
De efeito colateral
Que eu não enxergo
Nem me enxergo
Quinda vou usar bengala.
Devagar! Eu lhes garanto
Que as que são bem galinhas
São antes reavaliadas
E as que só querem carinho
Saem sempre bem galadas
A minha transa é a mais rara
A minha transa é a mais pura
Eu sou como Che Guevara
Endureço com ternura

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