No interior da ilha, por mais de seis meses, aprendeu técnicas de defesa pessoal. Foi apresentado à arte da dissimulação. E manuseou todo tipo de arma. Graduado, voltou a Havana e foi morar sozinho em um apartamento de dois quartos.
Um dia, bateram à sua porta. E ao abri-la, Dirceu foi jogado no chão com um violento pontapé. Reconheceu no homem corpulento à sua frente aquele que o preparara para ser guerrilheiro.
- Da próxima vez eu lhe mato - disse aos berros o homem de codinome Daniel.
Afinal, Dirceu não aprendera que deveria pôr uma corrente de segurança na porta? Não aprendera que só deveria entreabri-la usando um pé como encosto? E não aprendera que em tais circunstâncias era indispensável ter um revólver na mão?
Dali a dois meses, Dirceu bebia com amigos em uma birosca quando foi derrubado por trás com a cadeira e tudo. Era Daniel novamente. Dirceu esquecera uma lição elementar: nunca sentar de costas para qualquer porta.
Como mago da eleição de Lula e depois seu ministro mais poderoso, Dirceu sentou de costas para os políticos e a opinião pública. Daniel deve estar furioso.