Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 27, 2005

CLÓVIS ROSSI Nem para exportação

FSP
GENEBRA - Assombrado pela crise interna, enredado em uma falação sem limites em que a quantidade de bobagens por frase supera qualquer limite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está perdendo posições até no cenário regional.
O tempo foi demonstrando que Lula nem era o homem capaz de introduzir o "outro mundo possível" desejado pelo povo que todos os anos se reúne (ou se reunia) em Porto Alegre nem o mágico capaz de corrigir as lacunas sociais ao mesmo tempo em que conservava o equilíbrio fiscal e pagava direitinho as dívidas internas e externas -como acreditavam (ou torciam) líderes internacionais e a mídia conservadora e/ou liberal.
Na melhor das hipóteses, desde que não surja algum batom em alguma cueca presidencial, será "uno más del montón", como dizem os argentinos.
Na América Latina, a liderança desliza para Hugo Chávez, não exatamente porque seja modelar, mas porque o alto preço do petróleo lhe dá bala para ser uma espécie de mecenas da integração regional, um papel que o governo Lula namorou no início, quando o BNDES era comandado por Carlos Lessa.
O mais recente exemplo do mecenato foi dado anteontem, quando Chávez acertou com seu colega colombiano Álvaro Uribe, seu antípoda político-ideológico, o gasoduto Transguajiro, que levará gás do Caribe colombiano para as refinarias venezuelanas a um custo inicial de US$ 230 milhões.
A Venezuela banca tudo.
Nem Dilma Rousseff teria coragem de propor algo semelhante para o Brasil em relação a um vizinho.
O acordo Chávez-Uribe mostra que não há ideologia na história. Não há o menor risco de a Colômbia "bolivarianizar-se", ainda mais que Uribe, o mais popular governante das Américas no momento, deve ser reeleito no ano que vem.
Mas há iniciativas e ousadias da parte de Chávez. Tudo o que Lula deixou em algum lugar do passado, se é que as teve algum dia.

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