Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 26, 2005

EDITORIAIS DA FOLHA DE S PAULO

FONTES DA CORRUPÇÃO
 
Já são mais do que simples hipóteses as suspeitas de que o esquema de corrupção comandado por setores do PT e pelo operador Marcos Valério desviou recursos de empresas controladas pela União.
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), já havia apresentado no início do mês evidências de que o Banco do Brasil destinou R$ 10 milhões para o PT numa movimentação financeira que passou por empresas das quais o operador Marcos Valério é sócio. Os recursos estavam vinculados à conta de publicidade da Visanet no banco.
Anteontem, em depoimento à CPI, o diretor de uma agência que também prestou serviços de publicidade ao BB, afirmou que o então diretor de Marketing da instituição, Henrique Pizzolato, determinou que a conta da Visanet passasse a ser gerida com exclusividade pela empresa DNA, de Valério. Segundo o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos sub-relatores da CPI, teria ocorrido uma concentração de adiantamentos de recursos na DNA, "permitindo que a agência tivesse ganhos com aplicações financeiras".
Trata-se de mais um sinal a reforçar as conclusões de Serraglio e a convicção de que dirigentes e políticos do PT em acordo com Valério montaram um amplo esquema de captura de verbas de empresas estatais. A identificação de operações fraudulentas no BB como uma das maneiras de canalizar esses recursos é um passo sem dúvida relevante, mas não suficiente. É preciso que a CPI, cujos trabalhos foram prorrogados até abril de 2006, insista na averiguação das origens do dinheiro.
Além da repetição em outras estatais de expedientes análogos ao usado no BB, há que se examinar a eventual captação irregular de dinheiro de empresas privadas. Já se verificou na atuação do PT em algumas prefeituras que relações as mais promíscuas e nebulosas foram estabelecidas entre o poder público, o partido e prestadores de serviços. Deixar esses aspectos inconclusos é renunciar ao aprofundamento das investigações e manter à sombra aspectos fundamentais do escândalo do "mensalão" que precisam ser trazidos à luz.


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