Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, março 03, 2008

VALDO CRUZ Pós-Lula

BRASÍLIA - Aécio Neves diz que não sai, mas a cúpula do PMDB não desiste e vai insistir com o tucano mineiro que as portas do partido estão abertas para ele. Um convite para ser o candidato peemedebista à sucessão de Lula.
Se não surgir nenhum contratempo, por sinal, novo encontro entre Aécio e o PMDB pode acontecer ainda hoje em São Paulo. Na terra de José Serra.
Lula acompanha as investidas de seus aliados sobre o tucano de perto. Ele mesmo já aconselhou Aécio a migrar para o PMDB, convicto de que Serra será o nome do PSDB em 2010, o único candidato viável a lhe fazer oposição de fato. Portanto, aquele a ser derrotado.
Em recente viagem a Minas, Lula sugeriu uma estratégia a Aécio: renunciar ao mandato no fim de 2009 e se filiar ao PMDB, fugindo assim de punições da Justiça Eleitoral. Depois, sairia viajando pelo país para ficar conhecido nacionalmente.
Ou seja, Lula joga na divisão dos votos do PSDB para tentar ganhar do partido de FHC mais uma vez. Ou, no máximo, derrotar um candidato tucano com outro tucano reconvertido ao PMDB.
Aécio sabe dos interesses do Planalto. Por enquanto, diz preferir insistir na candidatura pelo PSDB. Mas, não por outro motivo, já avisou que, em sendo candidato, não será o anti-Lula, mas o pós-Lula.
Faz parte de sua estratégia de atrair aliados do presidente que não seguirão com o PT em 2010, como o PSB de Ciro Gomes, caminho que Serra não consegue trilhar por encarnar o papel do anti-Lula.
O risco da disputa Serra/Aécio é exatamente desaguar naquele ponto calculado e projetado pelo presidente Lula. O PSDB perder para ele mesmo, por conta de suas divisões internas.
A vantagem do tucanato é que, desta vez, a estrela petista não estará na cédula. Ou seja, não haverá um candidato de consenso do grupo governista. Sinal verde para divisões no primeiro turno. E traições no segundo.

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