Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, março 21, 2008

ELIANE CANTANHÊDE Desordem na "Casa"

WASHINGTON - O Conselho Sul-Americano de Defesa desenhado pelo ministro Nelson Jobim ontem, nos Estados Unidos, está para a JID (Junta Interamericana de Defesa) assim como o Grupo do Rio está para a OEA (Organização dos Estados Americanos).
O futuro conselho terá os países da América do Sul, enquanto a JID inclui todas as Américas. O Grupo do Rio abrange a América Latina e o Caribe, enquanto a OEA também mete todas Américas, EUA à frente, no mesmo bolo.
Ou seja: tanto o conselho articulado pelo Brasil quanto o Grupo do Rio são tentativas de excluir os EUA, potência que, onde quer que esteja, estará sempre acima (muitíssimo acima) de todos os demais.
A OEA renasceu das cinzas como foro de debate e solução da crise Equador-Colômbia, mas ela e a JID realmente faziam sentido num ambiente de Guerra Fria, com as Américas unidas contra um inimigo comum. Hoje, se tornam um tanto obsoletas num mundo que torce e se contorce para que países emergentes -Brasil entre eles- saiam da órbita da grande potência e conquistem um lugar político ao sol num contexto multipolar.
"Pensar pequeno significa dependência, significa continuar pequeno. É preciso arrogância estratégica e a audácia do enfrentamento dos nossos problemas, com a coesão dos países da região", disse Jobim ontem em reunião da própria JID, que é vinculada à OEA.
Falou grosso, mas convém resgatar a máxima atribuída a Guarrincha: "Já acertou com o adversário?". E nem sempre o adversário são os EUA, mas os próprios aliados. A tal União Sul-Americana ia se chamar "Casa", virou "Unasul" e... empacou. Muitos países, visões de mundo, divergências e uma crise de fronteiras no meio da confusão.
Falar em coesão e em Conselho de Defesa pode ser bom. Mas não dá para falar em nada disso sem botar a "Casa" em pé. E em ordem.

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