As escolas de guerra chamam o contencioso entre Colômbia e Equador de “crise político-estratégica”. Na América Latina, esse tipo de crise traz sempre boa dose de histrionice. Os grandes palhaços dessa rodada são o curaca Hugo Chávez e o obturado Lula da Silva. Ambos fazem de tudo para posar de líderes regionais e sonham-se condutores dos destinos do Cone Sul. O primeiro, com o estrépito de um fanfarrão megalômano; o segundo, por mera vaidade insuflada por cortesãos ambiciosos e mal-intencionados.
É preciso desencavar alguns fundamentos. Por que crise político-estratégica? A crise é um conflito que poderá ou não degenerar em guerra; guerra esta que, se deflagrada, teria o mesmo objetivo político da crise que a gerou. Isso mesmo, o objetivo é político, porquanto mestre Clausewitz nos ensinou que a guerra nada mais é que a continuação da política por outros meios. A estratégia refere-se ao preparo e à aplicação dos poderes nacionais dos atores envolvidos para a consecução dos respectivos objetivos políticos. A palavra chave é exatamente esta: poder. Em sua definição clássica, estratégia é justamente isto: preparo e aplicação de poder.
Devemos nos lembrar de três aspectos cruciais neste tipo de raciocínio: primeiro, um conflito, seja crise ou guerra, só chega ao fim, quando se atinge o objetivo de um dos atores; segundo, toda crise possui um ou mais fatores de desestabilização e, neste caso, o fator de desestabilização são as FARCs; terceiro, o objetivo político de cada ator — e, em conseqüência, a estratégia para alcançá-lo — depende inteiramente do poder disponível para o ator em pauta. É aí que a vaca vai pro brejo...
Antes, porém, de acompanharmos a vaca à charneca, examinemos, laconicamente o cenário que abala as tribos do noroeste sul-americano. O primeiro ator, Colômbia, vê-se assolado pelo segundo ator, uma quadrilha de narcotraficantes de viés socialista, as FARCs, que ambicionam o poder. As FARCs são compostas por terroristas na mais autêntica acepção do termo; almejam a obtenção de material radioativo para a fabricação de “bombas sujas”, e suas atividades mais brandas são o seqüestro de inocentes e a extorsão. O terceiro ator, Equador, sofreu uma invasão de tropas colombianas que perseguiam narcotraficantes que são normalmente acoitados pelo Equador; na ação, tombou o bandoleiro Raúl Reyes, amigo de Chávez. O quarto ator, a Venezuela, que financia os criminosos das FARCs, tomou as dores do Equador e fechou as fronteiras com a Colômbia, além de berrar ameaças e impropérios. Finalmente, o quinto ator, Brasil, crê que um pedido colombiano de desculpas resolva o problema. Clausewitz discordaria de tamanha sandice.
A América Latina sempre foi um ninho de antagonismos, e nada tem de pacífica. Falta-lhe apenas capacidade militar e logística para fazer guerra contra quem quer que seja. Duvidamos, sinceramente, que algum desses países tenha um plano exeqüível de mobilização. Ninguém ao sul do Rio Grande possui poder para delinear uma estratégia capaz de garantir a consecução do menos ambicioso dos propósitos. Os politiqueiros dessas republiquetas só conseguem berrar palavras de ordem e, no máximo, produzir uma guerra interna que lhes dê mais poder, mesmo que leve o país à bancarrota. Chávez não consegue sequer abastecer os supermercados de Caracas com papel higiênico. Como pretende aquele pitecantropo sustentar as linhas de comunicação logística das tropas? E mais: não nos podemos iludir com o material bélico adquirido recentemente por Hugo Chávez, porque não existem sobressalentes nem para dois meses de operações contínuas. O Equador, do tamanho de Vigário Geral, vai combater com o quê?
E o Brasil? O Itamarati do PT correu a condenar a Colômbia, mas se calou sobre as FARCs. Afinal, embora narcotraficantes e terroristas, são também sectários companheiros do Foro de São Paulo, todos muito socialistas. Plagiando aquela gordinha simpática da televisão: “Socialista pode!”
Que bando de cretinos!