Entrevista:O Estado inteligente

domingo, março 16, 2008

Amarra ideológica

A Organização dos Estados Americanos (OEA) se reúne amanhã para tomar conhecimento do relatório da missão que visitou a fronteira entre Equador e Colômbia e o ponto em território equatoriano onde existia uma base das Farc no qual foi morto, pelo Exército colombiano, o número dois da guerrilha, Raúl Reyes, no dia 1o

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, elogiou a cooperação da Colômbia e do Equador, mas disse ter recebido de um lado e de outro informações conflitantes sobre de onde partiram os disparos, e que ambas constarão do relatório.

Destacou, porém, que a ênfase do documento será na adoção de medidas para que fatos como esse não voltem a ocorrer. A distensão entre os países envolvidos — além de Colômbia e Equador, a Venezuela, que acorreu em apoio ao aliado e em defesa das Farc — continuou na semana passada. A Colômbia enviou mensagem ao governo do Equador, manifestando interesse no pronto restabelecimento das relações diplomáticas, rompidas após o incidente.

Todavia, uma nova declaração do presidente Bush — de que Hugo Chávez adota “um padrão preocupante de comportamento provocador” — ajudou a lembrar que o incidente elevou de patamar o conflito opondo Colômbia a Farc, Equador e Venezuela. O episódio da morte de Raúl Reyes provou que Chávez e as Farc jogam em dobradinha contra o governo Uribe, da Colômbia, aliado dos EUA. E deixou mal o presidente do Equador, Rafael Correa, ao mostrar que as Farc tinham uma base no país.

Tampouco o Brasil saiu brilhantemente do episódio. A seu favor, pode destacar o trabalho diplomático de isolar Chávez, limitando o contencioso aos reais protagonistas.

Mas, provavelmente pelos laços entre o PT e as Farc, Brasília evitou condenar a proteção que Chávez e Correa dão à força narcoterrorista.

Por timidez ou amarras ideológicas, o país deixou de exercer sua liderança regional como deveria.

Liderança que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, veio reafirmar em sua visita a Brasília, aproveitando para dar ao governo brasileiro o recado que trouxe à região: fronteira não pode ser refúgio de terroristas. Não pode mesmo. E o Brasil tem mais de 1.600 quilômetros de fronteiras com a Colômbia.

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