Gostaria de saber o nome dos funcionários, desde o que autorizou a despesa até o que comprou a lata de lixo |
TENHO pensado muito no lar do reitor da Universidade de Brasília. A impressão que dá é de uma lista de casamento daquelas de gente bem rica, só com itens caríssimos. Os "noivos", claro, não têm absolutamente nada a ver com nada. Fico pensando: terá sido contratado um decorador para cuidar do apartamento?
Terá sido dele a idéia de cinco -cinco- TVs de plasma? E onde seriam colocadas estas TVs? Uma na sala, claro, outra no quarto, também, claro, mas e as outras três? É preciso uma grande criatividade para decidir onde colocá-las. Imagino que uma no banheiro, fundamental para ver as notícias enquanto se toma um banho de banheira. As outras, nem imagino.
Mas para mobiliar um apartamento é preciso muita coisa; sofás, mesinhas, mesa de sala de jantar, cadeiras, camas, roupa de cama, travesseiros, toalhas de banho e de rosto, e não gosto nem de lembrar de tudo que precisei quando fui arrumar o meu. É evidente que com um orçamento de R$ 407 mil não é preciso fazer economia. E como os decoradores não vão às lojas para comprar miudezas -pratos, guardanapos, ralador de queijo, coador de chá, essas coisas- existem seus assistentes, que, como não precisam economizar, deitam e rolam comprando as coisas mais caras que encontram. No quesito cozinha, tudo importado, é claro.
Muito já se falou do que foi gasto no apartamento do magnífico reitor -será que ele é magnífico ou magnífico é o apartamento? Mas o que ainda não foi dito, e que me parece essencial, é, em primeiro lugar, saber quem autorizou os R$ 407 mil, se havia um orçamento ou se era tudo no vai-da-valsa. Afinal, o dinheiro não era de ninguém, como sempre. Em segundo lugar, deve ter havido um decorador, e eu também gostaria de saber quem foi ele e qual o critério para sua escolha.
Notório saber ou primo de algum professor da universidade? E em terceiro, quem foi correr as lojas escolhendo o abridor de garrafas de quase R$ 400, os cinzeiros, os jarros de flores, o balde de gelo, enfim, todas essas coisinhas necessárias ao bom funcionamento do lar de um reitor.
Gostaria de saber o nome de todos esses funcionários, desde o que autorizou a despesa até o que comprou a lata de lixo de R$ 1.000; alguém deu -tinha que dar- o ok para as compras. E também queria saber a lista de tudo, absolutamente tudo que foi comprado para que a casa ficasse habitável. Ah, e também quem autorizou a compra do carro de R$ 70 mil.
Eu -e a torcida do Flamengo- queremos detalhes, todos os detalhes, porque essa história de só falar de preço de lata de lixo e de abridor de garrafas e carro é muito pouco.
Não deve ser tão difícil abrir os arquivos da universidade e encontrar tudo, item por item. E sabendo quem fez as compras, saber também quanto de comissão levou cada um dos compradores. Como, aliás, é de praxe.