Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 06, 2007

NELSON MOTTA Chapa-branca, tarja preta, luz vermelha

RIO DE JANEIRO - Lula sonha 24 horas por dia com uma TV pública que não pinte a realidade de cor-de-rosa ou a distorça, como fazem as TVs que estão no ar. A nova TV não pode ser assim. Pode ser bem pior.
Como seria essa TV dos sonhos de Lula? O que ele gostaria de ver que ainda não exista? A Tribuna Sindical? O Show dos Oprimidos? O BBB dos sem-terra? Que opções de informação e entretenimento faltam nas atuais TVs privadas e estatais que só ela poderá oferecer? O público é ingrato: entre as mínimas audiências da esforçada TV Cultura, as maiores são de desenhos animados, todos estrangeiros.
Como os melhores profissionais da televisão brasileira estão nas emissoras privadas, porque pagam melhor e dão melhores condições de trabalho, quem vai fazer a nova TV? Não bastam ideologia e boa vontade, além de verbas públicas, para fazer uma BBC.
É uma pena que a emissora ainda não esteja no ar para que se pudesse acompanhar uma cobertura isenta da crise aérea. Não ficaríamos à mercê das mentiras e do sensacionalismo das emissoras comerciais e da grande imprensa, ampliando a crise para prejudicar o governo Lula e os companheiros controladores de vôo.
Teríamos imagens alternativas às cenas dantescas dos aeroportos, veríamos os seis meses de esforços do governo, ouviríamos os comentários de Zé Dirceu. Waldir Pires poderia expor, em rede nacional, suas idéias geniais sobre os problemas da aviação civil e da defesa nacional. Mas quem veria?
Ver ou não ver, eis a questão-chave da televisão. Quando Lula diz que "não interessa se der meio ou zero de audiência", é uma bravata que nos sai cara: se ninguém vê, é dinheiro público no lixo.
Mas, com a nova TV, virá a democratização da informação: todos poderão não vê-la.

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