No modelo administrativo do presidente Lula, o ministro do Desenvolvimento parece não passar de autoridade meia-boca.
Embora tenha condicionado a aceitação do cargo a poder nomear o presidente do BNDES, instituição sob sua jurisdição, o ministro Miguel Jorge teve tratamento semelhante ao recebido pelo ministro anterior, Luiz Furlan. Terá de conformar-se a não comandar o BNDES como queria. E, sem o BNDES, o risco é de que não passe de condutor de caminhão com motor de Kombi.
Alguém vai dizer - talvez o próprio ministro - que o BNDES ainda é parte do organograma do Ministério. Mas essa formalidade não conserta o estrago. Nos primeiros quatro anos do governo Lula, o ministro Luiz Furlan teve de engolir Carlos Lessa, Guido Mantega e Demian Fiocca. Só por acaso não houve sempre trombada séria nesse comando.
A situação parece fadada a se repetir nestes quatro anos seguintes, já que o ministro Miguel Jorge foi obrigado a aceitar um presidente do BNDES que seguirá orientação não necessariamente coincidente.
O economista Luciano Coutinho, nomeado quarta-feira, exibe reconhecidas qualidades pessoais e acadêmicas. Nem todas as suas posições foram ou são defensáveis do ponto de vista do modelo de política econômica adotado. Mas Coutinho possui perfil e credenciais para presidir um dos maiores bancos de fomento do mundo, que tem passivos de R$ 60 bilhões por ano para investir.
No entanto, do ponto de vista do interesse da administração pública, não é somente desejável, mas também necessário que haja sintonia entre o ministro e o presidente do Banco.
Assim montadas as coisas, é provável que ocorra divergência que prejudique a qualidade da administração. E, se isso acontecer, como tem acontecido, o encaminhamento de uma solução fica mais complicado porque depende da instância máxima de decisão, nem sempre disposta a tomar partido em briga assim.
O País tem pressa e, quase sempre por limitações gerenciais, o BNDES não vem dando conta dos financiamentos que tem de despachar para agilizar o crescimento econômico.
No desenho adotado, o ministro do Desenvolvimento já opera com enormes limitações. Em política industrial ou comercial, por exemplo, depende da chave do cofre e das alavancas tributárias do Ministério da Fazenda. E, para promover acordos comerciais que garantam acesso ao produto brasileiro nos mercados que realmente contam, está reduzido à condição de coadjuvante do Itamaraty.
Assim, um ministro que não pode nomear o principal executivo da instituição mais importante do seu Ministério terá de operar com ainda mais limitações. O cultivo de boas relações mútuas ajudará, mas talvez não baste para assegurar sucesso.
Outro risco que corre o ministro é o de ter de contentar-se com coletar e divulgar estatísticas de comércio exterior, operar como mascate na promoção de produtos brasileiros no exterior e passar de quando em quando uma demão de tinta na limitada política tecnológica do País. É uma pena. O País merece mais.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sábado, abril 21, 2007
Caminhão com motor de Kombi Celso Ming
Arquivo do blog
-
▼
2007
(5161)
-
▼
abril
(465)
- Colunas
- Opinião
- REINALDO AZEVEDO MST -Não, eles não existem. Mesmo!
- CELIO BORJA Surto de intolerância
- DANUZA LEÃO Viva o futuro
- JANIO DE FREITAS Rios de dinheiro
- Miriam Leitão O ponto central
- DANIEL PIZA
- Escorregadas de Mantega
- Estados devem ser parte do alívio fiscal?
- O multilateralismo está superado?
- O êxito da agricultura brasileira
- Névoa moral sobre o Judiciário
- FERREIRA GULLAR
- ELIANE CANTANHÊDE
- CLÓVIS ROSSI
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Um ministério para Carlinhos
- DORA KRAMER Defender o indefensável
- AUGUSTO NUNES Sete Dias
- REINALDO AZEVEDO Autorias 1 – Quem escreveu o quê
- Miriam Leitão À moda da casa
- FERNANDO GABEIRA Um bagre no colo
- RUY CASTRO Emoções assassinas
- FERNANDO RODRIGUES Antiéticos
- CLÓVIS ROSSI O euro e os oráculos
- DORA KRAMER Ajoelhou, tem que rezar
- Descontrole e segurança
- Deboche à Nação
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista: Valentim Gentil Filho
- Claudio de Moura Castro
- MILLÔR
- André Petry
- Roberto Pompeu de Toledo
- Diogo Mainardi
- PCC Mesmo preso, Marcola continua mandando
- A complicada situação do juiz Medina
- Por que os tucanos não fazem oposição
- Aécio e seu novo choque de gestão
- O Carrefour compra o Atacadão
- Rússia Morre Boris Ieltsin
- Itália A fusão do partido católico com o socialista
- França Diminui o fosso entre esquerda e direita
- O irmão do planeta Terra
- O pacote de Lula para salvar a educação
- O melhor município do país
- A conceitual cozinha espanhola
- Morales quer legalizar chibatadas
- Comprimido antibarriga liberado no Brasil
- Quimioterapia para idosos
- Educação As dez escolas campeãs do Distrito Federal
- A Toyota é a maior montadora do mundo
- Um cão para chamar de seu
- Um bicho diferente
- Os salários dos atores nas séries americanas
- Polêmica religiosa no seriado A Diarista
- Os problemas de visão dos impressionistas
- O herói que não perde a força
- Livros O lado esquecido de Carlos Lacerda
- Livros Fantasia póstuma
- A "judicialização" da mídia, o patíbulo e o pescoço
- Opinião
- Colunas
- FHC, PSDB, princípios e unidade
- Franklin confessa no Roda Viva
- Opinião
- Colunas
- Bingão legal
- Um governo de adversários
- Mangabeira da Alopra
- Opinião
- Colunas
- LULA É RECORDISTA EM PUBLICIDADE
- AUGUSTO NUNES
- Goebbels em cronologia
- Franklin no Roda Viva
- Opinião
- Colunas
- O imperador do lápis vermelho
- Eu digo "NÃO"
- AUGUSTO DE FRANCO E A LUZ NO FIM DO TÚNEL
- UM ENGOV, POR FAVOR!
- Defesa, sim; impunidade, não
- LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA
- RUY CASTROVampiros de almas
- FERNANDO RODRIGUES Judiciário, o Poder mais atrasado
- Um samba para a Justiça
- Serra-Lula: a verdade
- DANUZA LEÃO Nosso pobre Rio de Janeiro
- Caso Mainard -Kenedy Alencar
- A decadentização da língua JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Miriam Leitão A segunda chance
- FERREIRA GULLAR Risco de vida
- ELIANE CANTANHÊDE Questão de afinidade
- CLÓVIS ROSSI Conservadores do quê?
- DANIEL PIZA
- China diversifica e olha para o Brasil
- Banco do Sul: uma idéia sem pé nem cabeça por Mail...
- CELSO MING Nova costura
- DORA KRAMER Interlocutores sem causas
-
▼
abril
(465)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA