Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 06, 2007

IGOR GIELOW Ilusões voadoras


BRASÍLIA - Lula decretou o fim da crise aérea. A associação dos controladores pediu perdão ao país pelo motim. Os militares, inicialmente irados pela inabilidade sindicalista do governo, recuperaram a chibata e foram agraciados com promessa de um "PAC" próprio.
Até o hoje inviável Ministério da Defesa seria "reestruturado", apesar do estático Waldir Pires.
Então, caro leitor e passageiro de avião, podemos voltar felizes para os aeroportos? Se fosse apostar dinheiro, colocaria fichas no "não". A crise aérea tem muitos fatores, e os controladores são apenas um deles. Até Lula, na sua contumaz verborragia inconseqüente e inimputável, já havia dito isso. Mas, atendo-se apenas aos sargentos, ficam dúvidas: apesar das desculpas apresentadas ontem e as promessas de plano B da FAB, como ficará o problema estrutural?
A desmilitarização havia sido encaminhada por um grupo de trabalho em dezembro. Nada ocorreu desde então, e essa é a raiz do problema mais recente com os controladores. Desmilitarizar é interessante, mas é difícil, demorado e custoso. Independentemente do mérito, se nada andar, não há garantias de que os sargentos estarão enquadrados por muito tempo.
Mas os buracos no dique aéreo são vários. Os apagões anteriores não foram provocados só por controladores, apesar do interesse da FAB nessa versão. Ocorreram por problemas de equipamento, por overbooking, por falta de planos de contingência de empresas, o diabo.
Isso fora a insuficiência regulatória. Até agora não se sabe como a malha aérea será reestruturada com a compra do que sobrou da Varig pela Gol. A Anac é uma entidade cuja alma militar é inconciliável com a natureza civil. A Infraero fez salões de embarque com lojinhas bacanas, mas não é tão boa com o que interessa.
Espero perder a aposta, mas os sinais não são lá muito animadores.


igielow@folhasp.com.br

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