Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 28, 2007

Quimioterapia para idosos

Idade já não conta mais

Idosos com câncer agora podem ser tratados
com quimioterápicos menos tóxicos


Adriana Dias Lopes

ERG
O militar Ernesto Schild, de 79 anos: vida normal, apesar do tratamento contra um tumor de rim


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Nesta reportagem
Quadro: As novas frentes de ataque

Até pouquíssimo tempo atrás, a quimioterapia não era indicada para boa parte dos pacientes idosos. Os medicamentos tradicionais, que normalmente já impingem aos doentes efeitos colaterais severos, num organismo enfraquecido pela idade avançada deflagrariam reações ainda mais devastadoras – em muitos casos, insuportáveis. Dessa forma, esses pacientes recebiam apenas remédios para o controle dos sintomas da doença, como analgésicos e estimuladores de apetite. Mas agora esse quadro começa a mudar. A exemplo do que acontece nos Estados Unidos e na Europa, alguns dos principais centros brasileiros para o tratamento do câncer já incluem a totalidade dos pacientes com mais de 70 anos em seus protocolos de quimioterapia para certos tipos de tumor. A universalização da terapia de pacientes idosos com medicamentos anticâncer só foi possível com a chegada ao mercado dos quimioterápicos inteligentes, que preservam as células sadias de seu ataque contra aquelas cancerosas. Por isso, eles são mais seguros e tendem a ser mais eficazes do que os quimioterápicos antigos. A baixa toxicidade dos medicamentos mais modernos permite hoje o tratamento de 90.000 brasileiros a mais – homens e mulheres que tinham de conviver com a angústia de saber que nada (ou muito pouco) poderia ser feito contra a doença.

"Vivemos um dos momentos mais importantes da oncologia", diz o cancerologista Paulo Hoff, diretor do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês. "A inclusão dos idosos nos protocolos de quimioterapia permite que o câncer nesses pacientes seja tratado em todas as suas fases e, desse modo, se transforme numa doença crônica." Os novos remédios também possibilitaram o tratamento do câncer de rim, um órgão muito sensível à toxicidade da quimioterapia tradicional. Aos 75 anos, em 2003, o coronel da reserva Ernesto Gustavo Schild recebeu o diagnóstico de câncer de rim. Até o ano passado, ele tomava apenas remédios para estimular o sistema imunológico. Quando recebeu a notícia de que seria submetido a sessões de quimioterapia, ficou receoso. "Tive medo de, em decorrência do tratamento, não conseguir mais trabalhar. Mas minha vida não mudou", diz ele. Desde o início da quimioterapia, Schild nunca deixou de ir ao Superior Tribunal Militar, em Brasília, onde trabalha todas as tardes como secretário-geral da presidência.

Os primeiros quimioterápicos inteligentes foram lançados no fim da década de 90. Hoje, eles já somam uma dezena. Estão divididos em duas classes, os inibidores de tirosinaquinase e os anticorpos monoclonais (veja o quadro). Eles compõem uma das áreas de maior investimento da indústria farmacêutica. Há pelo menos 200 novas moléculas em estudo para o tratamento do câncer. Delas, 95 estão em fase final de pesquisa ou de pré-aprovação para o uso clínico. Tal avanço não significa que os quimioterápicos convencionais foram deixados de lado. Eles permanecem fundamentais no combate ao câncer. Em primeiro lugar, porque ainda não há remédios inteligentes para todos os tipos de tumor. Além disso, apesar de seus efeitos colaterais, os medicamentos antigos permanecem eficazes. Mas até nesse campo a medicina traz boas novidades. Atualmente existem medicações para amenizar as reações adversas dos quimioterápicos mais agressivos, especialmente os enjôos e a baixa no sistema imunológico. São os remédios para os remédios.

PARA ALÉM DO PSA

Fabiano Accorsi
Exame de sangue: a proteína EPCA-2 indica a existência ou não de câncer de próstata


Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, identificaram um novo marcador para o câncer de próstata, o mais comum entre os homens brasileiros. Trata-se da EPCA-2, uma proteína encontrada no sangue. Nos estudos realizados até agora, essa substância mostrou-se bastante precisa para indicar a presença de um tumor e se ele está confinado na glândula prostática ou se espalhou para outros órgãos. A acurácia do exame de EPCA-2 chegou a 97%. O trabalho foi publicado na última edição da revista médica americana Urology. "Os resultados são animadores, mas ainda é cedo para dizer se o exame de EPCA-2 terá utilidade clínica", diz o urologista Celso Gromatzky, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. Para isso, o marcador deve ser testado em um número maior de pacientes – superior aos 330 voluntários acompanhados pelos médicos americanos. Atualmente, existe apenas um marcador sanguíneo para o câncer de próstata – o PSA. Combinado com o exame de toque retal, o PSA é tido como a arma mais importante na detecção precoce dos tumores de próstata. Em 2003, no entanto, sua eficácia começou a ser questionada por causa da imprecisão de seus resultados. Desde então, os pesquisadores buscam alternativas mais confiáveis do que o PSA. Confirmados os resultados das pesquisas com o EPCA-2, ele pode vir a ser uma dessas opções. Em 78% dos casos em que o novo marcador indicou a presença de um tumor, os níveis de PSA eram normais – não acusavam o câncer.



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