Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, abril 11, 2007

Eliane Catanhede Presidente teflon


A pesquisa CNT-Sensus divulgada hoje, 10/04, confirma que sempre há um descolamento da avaliação dos governos e dos seus governantes, mas no caso de Lula isso é incrível.

Houve apagão aéreo? Houve. O governo federal é culpado? É. Mas o presidente nunca é culpado de nada, como não é culpado agora pela maior crise da aviação e dos aeroportos que o país já viveu. Uma crise, diga-se, que se arrasta desde outubro do ano passado, lá se vão longos seis meses, sem nenhuma providência concreta ou não.

Pela pesquisa, 36,9% atribuem a culpa do apagão ao governo federal, mas 63,7% aprovam o desempenho de Lula na Presidência, e apenas 28,2% desaprovam. Desde 2003, é o melhor resultado de Lula.

Está confirmado, pois: o homem pode fazer tudo o que bem entender, como pode não fazer nada do que mal entender, e vai continuar sendo altamente popular e altamente aprovado pela população brasileira.

Apesar disso, a crise não acabou. Digamos que esteja em banho-maria, depois que a Aeronáutica recuperou seus poderes de Aeronáutica, os controladores recuperaram o controle e pediram desculpas à população, o próprio Lula foi que foi, mas não foi.

Primeiro, Lula não deu muita bola para os sinais de crise, ainda no ano passado. Depois, mandou o ministro da Defesa, muito bonzinho, e o ministro do Trabalho, experiente líder sindical, negociarem com sargentos insubordinados como se sindicalistas fossem.

No final, Lula quebrou a hierarquia militar ao desautorizar as punições decididas pela Aeronáutica, voltou atrás e procurou demonstrar o "prestígio" das três Forças Armadas e prepara um pacote cala-boca na moçada de farda.

Também fez o governo assinar uma carta-compromisso com os amotinados, prometendo inclusive que não haveria punições, depois voltou atrás para dizer que eles eram "traidores e irresponsáveis" e, enfim, acaba de agradecer a eles por... terem trabalhado na Semana Santa, como tinham obrigação de fazer.

Nessas idas e vindas de todos os lados, só ficaram duas certezas. A primeira é que algum tipo de negociação por baixo dos panos está rolando solta, não se sabe em que direção. A segunda é a que os controladores, tenham ou não pedido desculpas, continuam com a faca e o queijo na mão e podem, na prática, parar o país novamente a qualquer momento.

Atenção: as condições para isso continuam exatamente como estavam há seis meses.

Mas, enfim, as pesquisas confirmam o que os ministros, assessores e líderes governistas não cansam de dizer: Que apagão aéreo, que nada! Que caos aeroporto, que nada! O que interessa é que a economia está estável, o dólar cai e a Bolsa Família corre solta, com a retirada de milhões de pessoas da linha da pobreza.

Como íamos dizendo, Lula pode fazer o que bem entender. Ou, simplesmente, não fazer nada. Dá no mesmo.

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