Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Oposição café-com-leite - Fernando de Barros e Silva



Folha de S. Paulo
15/1/2007

Ser ou não ser Chinaglia -a questão tornou-se vitrine da fratura exposta do PSDB.
De um lado, jogam juntos Serra e Aécio, que hoje representam o exercício e a perspectiva de poder para os tucanos; de outro, juntaram-se FHC e Alckmin, para quem a eleição de 2006 não terminou.
Os primeiros agem e pensam como governo; os últimos precisam ser 100% oposição para ainda respirar. Não é um jogo equilibrado. Aquele que poderia mediá-lo, o presidente do partido, é figura ausente. Na prática, Tasso já é -e será cada vez mais- satélite do planeta Ciro.
Não demorou uma semana para que Serra esquecesse o que escreveu e pregou na posse. O PT -aquele que emperra o crescimento e renova a cultura patrimonialista- tornou-se parceiro de ocasião.
O governador conta com o partido rival para eleger o presidente da Assembléia paulista contra o candidato do PFL (Rodrigo Garcia) e ajuda, com a outra mão, o PT a eleger o presidente da Câmara contra o candidato do PC do B, Aldo Rebelo, que até ontem se gabava de ser o elo entre Serra e Lula.
O embaralhamento das legendas mostra como são frouxas no país as clivagens partidárias e ideológicas.
Serra e o PT paulista têm ainda um interesse comum para 2008: remover Alckmin da disputa municipal, abrindo caminho para que ela se trave entre Marta e Kassab. São notórios, aliás, os esforços de Serra para sufocar as pretensões e apagar as marcas de seu antecessor.
Isso, porém, parece menos novo e importante do que o confronto aberto entre Serra e FHC. Amigos íntimos, freqüentemente discordaram, mas nunca duelaram para a platéia. Candidato em 2002, Serra conteve como pôde suas críticas conhecidas à política econômica, que ajudou a derrotá-lo.
O jogo mudou. Os governadores de São Paulo e Minas selaram um pacto: vão juntos até 2008 e querem até lá dar trégua a Lula. Tudo o que lhes atrapalhar no partido será tratado como café-com-leite, até mesmo as palavras de FHC.

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