Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 27, 2007

Israel O presidente é acusado de assédio e estupro

Abusos do presidente

Katsav, de Israel, é afastado
para responder às acusações
de assédio sexual e estupro


Thomaz Favaro

Kevin Frayer/AP
Moshe Katsav: quando ele trancava a porta do gabinete...

De tão freqüente, não causa surpresa a notícia de um presidente denunciado por corrupção, tráfico de influência ou mesmo por deslizes sexuais no exercício do mandato. O que torna especial a situação de Moshe Katsav, presidente de Israel, é a quantidade de seus pecados: ele está sendo acusado por nada menos que dez casos de assédio sexual, alguns agravados por estupro. Na semana passada, abatido pelas provas que permitiram que fosse indiciado pela Justiça israelense por quatro dessas denúncias, Katsav pediu licença do cargo. É irônico que o assunto tenha sido inicialmente levado à polícia pelo próprio presidente. Em julho, ele se queixou de estar sendo chantageado por uma ex-secretária. Investigada, ela contou ter sido forçada a fazer sexo várias vezes com o presidente, sob ameaça de demissão. Outras nove mulheres que trabalharam com Katsav em diversas fases de sua carreira contaram histórias semelhantes à polícia. "Quando eu entrava no escritório, ele trancava a porta", disse uma delas. "Todos sabiam que era proibido importuná-lo quando eu estava lá dentro."

Moshe Katsav, de 61 anos, tinha uma trajetória política respeitável, que incluía uma infância pobre e uma rápida ascensão ao poder. Nascido no Irã, Katsav mudou-se para Israel com 5 anos de idade. Aos 24, tornou-se o mais jovem prefeito do país e com 36 já ocupava o cargo de ministro. Levou décadas para construir uma imagem positiva, de político responsável, que lhe garantiu a escolha para presidente em 2000. Só agora aparece seu lado obscuro. Casado há 37 anos e pai de cinco filhos, Katsav disse que é inocente e que tudo não passa de um complô armado por seus inimigos políticos, com a ajuda da polícia, da Justiça e da imprensa israelenses. Argumentos semelhantes usou o vice-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, julgado e inocentado no ano passado da acusação de estuprar uma amiga da família. O escândalo de Katsav virou motivo de chacota internacional. Num encontro recente com o primeiro-ministro Ehud Olmert, o presidente russo Vladimir Putin não resistiu: "Katsav não parece um homem que daria conta de dez mulheres", ironizou.

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