Leitores, petralhas (ora...), me mandam uma nota de Ricardo Noblat. Não acreditei. Fui lá ver, e era verdade. Ele publicou mesmo o que está abaixo. Segue em vermelho o que ele escreveu. O texto vai entremeado de comentários meus, em azul.
Está lá embaixo entre as primeiras notas aqui postadas durante a madrugada: os parlamentares que apóiam na Assembléia Legislativa o atual governo de São Paulo impediram a criação de uma CPI proposta pela oposição para investigar as causas do acidente na obra da Linha 4 do Metrô.
Há mais de 60 pedidos de CPI engavetados pela direção da Assembléia. Para ser votado, o pedido de criação da CPI do Metrô teria que furar a fila.
O mundo desabou na cabeça do governo Lula todas as vezes que ele tentou impedir a instalação de CPIs para investigar escândalos- e pelo menos três foram instaladas. Depois o governo deu um jeito de esvaziar uma ou duas delas.
O mundo desabou na cabeça de FHC também a cada vez que seus então aliados impediram a formação de uma CPI. O PT chegou a listar 45 — número do PSDB — acusações de corrupção que demandariam uma comissão de inquérito. Governos tentam impedir CPI, instrumento típico das oposições. É do jogo.
No caso da cratera que engoliu caminhões, carros e sete pessoas, trata-se por ora de uma tragédia - ainda não ganhou contornos de escândalo. E tudo indica que o consórcio de empreiteiras encarregado de tocar a obra tem culpa no cartório. É possível que o governo seja inocente.
O "ainda não ganhou contornos de escândalo" sugere que está a caminho de se tornar. Até agora, ao contrário do que diz Noblat, "nada indica" que o consórcio seja culpado de coisa nenhuma. Pela simples e muito óbvia razão de que a investigação criminal e a perícia técnica ainda estão em curso. Noblat, eu e ninguém sabemos nada a respeito. É claro que sempre é simpático culpar empreiteiras. A doença mais corriqueira no Brasil é ódio ao capitalismo e às empresas. Quando à culpa do governo de São Paulo, aí é piada mesmo. No máximo, se poderia falar da responsabilidade do Metrô. E olhe lá. É simplesmente mentira que os engenheiros da empresa não vistoriavam a obra.
Na dúvida, a turma do governo na Assembléia barrou a proposta de CPI sugerida pela oposição.
Segundo o raciocínio de Noblat, todo pedido de CPI seria aprovado com 100% dos votos. Não custa lembrar que o governo Lula tentou impedir todas as instalações de CPI. É que não conseguiu. E não cometeu crime político nenhum ao fazê-lo. Os crimes foram outros.
Tenho ou não razão quando me refiro ao PSDB como um partidinho sem vergonha?
Não por isso, Noblat. Mas pega bem.
Não me acusem de petista - bobagem. Escrevi coisas piores a respeito do PT desde que estourou o escândalo do mensalão em meados de 2005.
Há dois erros graves em trecho tão curto. Atacar o PT não é prova de antipetismo. Os próprios petistas vivem fazendo issso... Acusam-me de tucano. Nem por isso uso as críticas que fiz ao PSDB para demonstrar minha isenção. Ou eu estaria despertando em meus leitores a suspeita de que estou administrando as minhas opiniões. Não sou escravo do que dizem de mim. Reparem que vai embutido um paralelismo acima: o acidente do Metrô estaria para o PSDB como o mensalão estaria para o PT. Não está. O PSDB não contratou a obra. Mas foi o PT que operou o mensalão. A obra estava sendo feita para funcionar, não para cair e matar seis ou sete pessoas. O mensalão foi feito para fraudar a democracia.
No poder, todos os partidos são pardos.
Não são, não! A prova do petismo do raciocínio de Noblat está aí. Ele sabe muito bem que há acusações que não se sustentam. Sabe, aliás, de perto. Uma ação do Ministério Público acusa uma empresa de sua mulher de estar envolvida em desvios de recursos do Incra da ordem de R$ 33 milhões. Já escrevi a respeito — não sei se ele o fez. Sim, trata-se daquela peça que tem laivos de surrealismo envolvendo o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Todo mundo já sabe o que penso a respeito. Basta procurar no arquivo. Escrever é correr riscos. Se você chega à conclusão de que todos os gatos são realmente pardos, ou todo mundo é inocente, ou todo mundo é culpado.
Está lá embaixo entre as primeiras notas aqui postadas durante a madrugada: os parlamentares que apóiam na Assembléia Legislativa o atual governo de São Paulo impediram a criação de uma CPI proposta pela oposição para investigar as causas do acidente na obra da Linha 4 do Metrô.
Há mais de 60 pedidos de CPI engavetados pela direção da Assembléia. Para ser votado, o pedido de criação da CPI do Metrô teria que furar a fila.
O mundo desabou na cabeça do governo Lula todas as vezes que ele tentou impedir a instalação de CPIs para investigar escândalos- e pelo menos três foram instaladas. Depois o governo deu um jeito de esvaziar uma ou duas delas.
O mundo desabou na cabeça de FHC também a cada vez que seus então aliados impediram a formação de uma CPI. O PT chegou a listar 45 — número do PSDB — acusações de corrupção que demandariam uma comissão de inquérito. Governos tentam impedir CPI, instrumento típico das oposições. É do jogo.
No caso da cratera que engoliu caminhões, carros e sete pessoas, trata-se por ora de uma tragédia - ainda não ganhou contornos de escândalo. E tudo indica que o consórcio de empreiteiras encarregado de tocar a obra tem culpa no cartório. É possível que o governo seja inocente.
O "ainda não ganhou contornos de escândalo" sugere que está a caminho de se tornar. Até agora, ao contrário do que diz Noblat, "nada indica" que o consórcio seja culpado de coisa nenhuma. Pela simples e muito óbvia razão de que a investigação criminal e a perícia técnica ainda estão em curso. Noblat, eu e ninguém sabemos nada a respeito. É claro que sempre é simpático culpar empreiteiras. A doença mais corriqueira no Brasil é ódio ao capitalismo e às empresas. Quando à culpa do governo de São Paulo, aí é piada mesmo. No máximo, se poderia falar da responsabilidade do Metrô. E olhe lá. É simplesmente mentira que os engenheiros da empresa não vistoriavam a obra.
Na dúvida, a turma do governo na Assembléia barrou a proposta de CPI sugerida pela oposição.
Segundo o raciocínio de Noblat, todo pedido de CPI seria aprovado com 100% dos votos. Não custa lembrar que o governo Lula tentou impedir todas as instalações de CPI. É que não conseguiu. E não cometeu crime político nenhum ao fazê-lo. Os crimes foram outros.
Tenho ou não razão quando me refiro ao PSDB como um partidinho sem vergonha?
Não por isso, Noblat. Mas pega bem.
Não me acusem de petista - bobagem. Escrevi coisas piores a respeito do PT desde que estourou o escândalo do mensalão em meados de 2005.
Há dois erros graves em trecho tão curto. Atacar o PT não é prova de antipetismo. Os próprios petistas vivem fazendo issso... Acusam-me de tucano. Nem por isso uso as críticas que fiz ao PSDB para demonstrar minha isenção. Ou eu estaria despertando em meus leitores a suspeita de que estou administrando as minhas opiniões. Não sou escravo do que dizem de mim. Reparem que vai embutido um paralelismo acima: o acidente do Metrô estaria para o PSDB como o mensalão estaria para o PT. Não está. O PSDB não contratou a obra. Mas foi o PT que operou o mensalão. A obra estava sendo feita para funcionar, não para cair e matar seis ou sete pessoas. O mensalão foi feito para fraudar a democracia.
No poder, todos os partidos são pardos.
Não são, não! A prova do petismo do raciocínio de Noblat está aí. Ele sabe muito bem que há acusações que não se sustentam. Sabe, aliás, de perto. Uma ação do Ministério Público acusa uma empresa de sua mulher de estar envolvida em desvios de recursos do Incra da ordem de R$ 33 milhões. Já escrevi a respeito — não sei se ele o fez. Sim, trata-se daquela peça que tem laivos de surrealismo envolvendo o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Todo mundo já sabe o que penso a respeito. Basta procurar no arquivo. Escrever é correr riscos. Se você chega à conclusão de que todos os gatos são realmente pardos, ou todo mundo é inocente, ou todo mundo é culpado.