Entrevista:O Estado inteligente

domingo, janeiro 28, 2007

PLÍNIO FRAGA Afeto que se encerra

RIO DE JANEIRO - O Fórum Social Mundial perdeu a batalha para o Fórum Econômico Mundial. Perdeu não só a batalha econômica, previsível, mas principalmente a de vocalização de ideários reformadores, revolucionários e/ou igualitários. Na linguagem dos vencedores, perdeu mercados, consumidores, fragilizou a marca.
O principal fracasso do Fórum Social foi afetivo. Definham as hordas jovens que se dispunham a hastear a bandeira de que outro mundo é possível, entoando aquele discurso que tem tanto de contestador, ingênuo e sonhador quanto de irreal.
Na Bolsa de apostas de Londres deve ter havido aqueles que lançaram a sorte para dizer se venceria o espírito de Davos ou o de Porto Alegre. Não deu zebra.
É banalmente engraçado que duas cidades meio esquecidas pela história -ou por aqueles que fazem a história- tenham se tornado símbolos do embate entre a globalização mercadológica e a mundialização solidária.
Davos é de uma tristeza gélida como suas montanhas, e seus personagens são sérios como os leitores de Thomas Mann. Porto Alegre traz desde o nome o encantamento e os sorrisos daqueles jovens que acamparam nas margens do Guaíba e cantavam Fito Paez: "Ya sé, no te hace gracia este país".
Porto Alegre foi parar nas páginas dos jornais internacionais como exemplo de cidade-nicho das esquerdas. O Fórum Social se foi, os petistas se foram, e a esperança não se foi totalmente porque é em Porto Alegre que vive Alexandre Pato e seu futebol -que é coisa nossa, como mulatas, cachaça e clichês de país do futuro e de gente cordial.
Em Nairóbi, os participantes do Fórum Social Mundial decidiram que o protesto antiglobalização passa a ser descentralizado. Como se fosse um policial, a história gritou: dispersar, dispersar!

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