Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, janeiro 23, 2007

Eliane Cantanhede - PAC, e o governo começou




Folha de S. Paulo
23/1/2007

Foi-se o tempo dos pacotes antiinflação, começa a era dos pacotes pró-desenvolvimento, inaugurada ontem com o início do segundo mandato de Lula, com 22 dias de atraso.
Para os entendidos, o tal pacote, carinhosamente chamado de PAC, contém muitos furos, alguns graves. O primeiro deles é que faltou definir fontes reais de recursos para tantas promessas. O segundo é que há uma concentração dos interesses da União, e governadores de oposição estão chiando. O terceiro é que não saiu o esperado subsídio à casa própria com o FGTS. O quarto é a ausência de propostas de reforma tributária e de avanços na delicada questão da Previdência Social.
O quinto... bem, deixa pra lá. O objetivo é chegar a 4,5% neste ano e a 5% até 2010. Abre-se uma nova esperança, que tem meses para se consumir, até se chegar a dezembro com uma meia dúzia de explicações, mais ou menos convincentes, sobre o porquê, infelizmente, que pena, o governo não conseguiu atingir a meta. Afinal, entra governo, sai governo, acaba o primeiro mandato, vem o segundo e tem sido sempre assim. No início, muitas promessas. No final, muitas explicações.
O fato é que, apesar do nome, apesar dos furos, apesar do tradicional ceticismo dos entendidos, Lula conseguiu importante vitória política ao reunir 20 governadores, 11 líderes partidários, os ministros e finalmente dar uma resposta à pressão, que vem de todos os lados, sobre medidas para fazer o Brasil crescer.
E Lula está finalmente liberado para compor sua equipe de ministros, estabelecer hierarquias e restabelecer as relações do governo com o Congresso, que foram péssimas no primeiro mandato e estão no mínimo sofríveis no segundo.
Sem perspectiva de melhorar, nem de piorar. Em resumo: as medidas podem não ser lá essas coisas, mas já são alguma coisa.

Arquivo do blog