Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 26, 2008

Realeza A plebéia que pode vir a ser rainha da Inglaterra

A garota que pode ser rainha

Antes mesmo de se casar com William, a plebéia Kate já 
é princesa na pose e na cabeça – boa até para usar chapéu

O nome dela é Kate Middleton, mas pode entrar para a história como rainha Catarina da Inglaterra, a primeira sem uma gota de sangue nobre na árvore genealógica. Pode ser que demore algum tempo, considerando-se a cadeia de acontecimentos momentosos que levariam a isso: o namoro com o príncipe William, o segundo na linha de sucessão, precisa ser transformado em casamento; a rainha Elizabeth, aparentemente imorrível, precisa vagar o trono; o príncipe Charles, o primeiro da fila, assumir o lugar da mãe e, depois que também passar para o plano superior, transmitir as jóias da família ao filho mais velho. Isso, naturalmente, considerando-se que a monarquia sobreviva. Entre todas as incertezas do futuro, a menos distante, no momento, parece ser o casamento de Kate, 26 anos completados em janeiro, com William, também 26 desde junho passado. "Eu diria que vão ficar noivos nos próximos meses", prevê Andrew Alderson, repórter do jornal Sunday Telegraph, com a autoridade de quem acompanha as minúcias da vida da família real há catorze anos. Se a previsão se confirmar, Kate entrará para a turma de plebéias casadas com herdeiros reais em países como Japão, Espanha, Holanda, Dinamarca e Noruega. A transição, se for mantida a seqüência natural, será feita por Camilla, a mulher de Charles, antes do casamento apenas remotamente relacionada à aristocracia, pelo lado materno.

Há quase três décadas não existe mulher que entre para a família real                      inglesa que não evoque alguma comparação com Diana, mas uma garota bonita, bem vestida, bem enchapelada e com um fenomenal par de pernas parece ser coincidência demais. Felizmente para todos, os pontos em comum não vão adiante disso. Apesar da simpatia e do carisma, Diana padecia de instabilidade emocional e carência afetiva profundas, problemas que só se agravaram com o casamento infeliz com Charles. Kate, ao contrário, tem dado mostras de equilíbrio e autocontrole. No começo do ano passado, quando o namoro com William foi rompido, não deu escândalo – nem entrevistas. Ele pediu até conseguir o reatamento, em termos mais firmes. Desde então, ela vem assumindo gradualmente a posição de namorada oficial, inclusive sob proteção de seguranças do estado. Pontos contra: não tem berço e não tem berço. Se Diana, que era filha de conde, nascida na mais tradicional aristocracia inglesa, se deu mal no ambiente exigente da família real, imagine-se, especulam os esnobes, uma jovem como Kate.

A família Middleton vem do norte da Inglaterra, terra das minas de carvão. No apartamento do avô paterno de Kate, a família ficava em volta de uma velha caldeira, na cozinha, para enfrentar o frio. O bisavô materno era carpinteiro. Os avós Ron e Dorothy Goldsmith moravam na periferia de Londres. O avô Goldsmith tornou-se empreiteiro de obra e subiu na vida. A mãe de Kate, Carole, cresceu em condições melhores e entrou para uma escola de comissários de bordo. Lá conheceu o futuro piloto Michael Middleton, filho de um instrutor de vôo. Em 1987, o casal deixou a aviação e abriu uma empresa de artigos para festas infantis, Party Pieces, com vendas primeiro por catálogo, depois pela internet, na qual prosperou. Milionários, eles matricularam os três filhos nas melhores escolas. Foi na universidade de St. Andrews, na Escócia, que Kate cruzou com William. No primeiro ano, conheceram-se. No segundo, foram dividir uma casa com outros colegas. Juntos permaneceram desde então, com a breve ruptura do ano passado.

O estilo de Kate, previsivelmente, faz imenso sucesso entre as garotas adeptas do jeito impecavelmente arrumado. Jaquetas curtas e acinturadas, escarpins ou botas de salto fino e casacos estruturados – tudo é copiado. Sem contar, claro, os chapéus. Kate parece ter nascido para usar chapéu, adereço obrigatório nos ambientes da realeza. Os arranjos poéticos de Philip Treacy, o chapeleiro oficial de Camilla e das jovens da família real, ficam especialmente elegantes nela. Acima de tudo, Kate transpira confiança em si mesma. Vista no início com certo desdém nas altas-rodas dos amigos reais (pelas costas dela, conta-se, faziam os sinais típicos das aeromoças indicando as saídas de emergência dos aviões), ela não acusa o menor sinal de intimidação. Existe uma espécie de acordo de cavalheiros, embora o termo pareça inapropriado, com a imprensa de celebridades para que Kate não seja excessivamente perseguida pelas câmeras – já houve excessos e reclamações, situações que inevitavelmente se repetirão. Visadíssima,                      ela parece à vontade e sorridente em compromissos oficiais, embora, como convém a uma eventual integrante da família real, não demonstre grande pendor para o trabalho tal como é conhecido no mundo plebeu. Ao sair da faculdade, onde se formou com ótimas notas em arte, trabalhou algum tempo como compradora de acessórios de uma rede de lojas populares – de segunda a quinta, sem horário e com muitas folgas; os donos são amicíssimos de seus pais. Mais recentemente, dedica-se a fotografar. Na prática, como se dizia antigamente, espera marido. Se tudo der certo, um maridão. Quando Charles for rei e William o primeiro da fila da sucessão, Kate deve se tornar princesa de Gales – a primeira desde Diana (Camilla, ajuizadamente, não usa o título ainda associado à princesa falecida, contentando-se em ser chamada de duquesa da Cornualha). Caberá, então, à filha de ex-aeromoça e ex-piloto que viraram donos de um negócio na internet esperar a vez de ser a rainha Catarina. Se não a grande, pelo menos a chiquérrima.

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