Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 23, 2008

Diogo revelou o caso em 2006

Nahas recebeu mala de dinheiro, diz acusado na Itália; Diogo revelou o caso em 2006

Por Leonardo Souza e Valdo Cruz, na Folha. Volto depois:
Ex-chefe mundial da equipe de inteligência da TI (Telecom Italia) Giuliano Tavaroli disse, em depoimento ao Ministério Público de Milão ao qual a Folha teve acesso, que o investidor Naji Nahas recebeu uma valise com milhões de dólares para resolver questões da empresa no Brasil.
Apesar de não usar o termo corrupção, segundo Tavaroli, o dinheiro era para pagar propina no Brasil. "O fato é que para essa prestação o hábil Nahas -além da valise "viajante'- recebe 25 milhões sem um reles suporte documental da atividade desenvolvida", disse.
Ele está entre os 34 denunciados anteontem pelo Ministério Público de Milão por bisbilhotar ilegalmente pessoas na Itália e no exterior em defesa dos interesses da empresa, inclusive no Brasil. Os documentos obtidos pela Folha embasaram a acusação feita pelo Ministério Público.
Em entrevista em janeiro sobre o tema, Nahas sustentou que nunca pagou propina e que o dinheiro que ganhou foi legal. Ontem, ele não foi localizado.
Nahas foi escalado pelo ex-controlador da TI Marco Tronchetti Provera para fechar um acordo com o banqueiro Daniel Dantas que selasse a saída do Opportunity do comando da BrT (Brasil Telecom). "Para negociar com bandido, é preciso um bandido", disse Tavaroli, resumindo explicação de Provera para contratar Nahas.
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Comento
Huuummm. Onde foi mesmo que vocês leram isso primeiro? Eu lembro: nas colunas de Diogo Mainardi, um daqueles que a canalha de anões morais e ratazanas acusa de estar a serviço, pasmem!, de Dantas. Essa gente não tem mais como ser desmoralizada, desmentida, humilhada. Pois é... Reproduzo abaixo a coluna de Diogo de 6 de fevereiro deste ano porque ela faz uma boa síntese do caso Nahas. Mas que fique claro: ele tratou do assunto, pela primeira vez, em 8 de fevereiro de 2006 (!!!), conforme se pode ver aqui.

"No Natal de 2007, recebi de presente um documento sobre a Telecom Italia. Ele confirma integralmente uma reportagem que VEJA publicou dois anos atrás. Na verdade, a história é ainda mais enlameada"
No Natal de 2005, recebi documentos sobre um pagamento de 3,25 milhões de reais da Telecom Italia a Naji Nahas. Tudo ali era suspeito. Um: o pagamento fora efetuado em dinheiro vivo. Dois: o carro-forte entregara o dinheiro na sede da Telecom Italia, em vez de entregá-lo diretamente a Naji Nahas. Três: Naji Nahas faturara 263.000 reais a mais do que o previsto em seu contrato de consultoria.
Passei toda a papelada a VEJA, que publicou uma reportagem sobre o assunto, seguindo o rastro daqueles 3,25 milhões de reais. A reportagem, baseada em fontes da própria Telecom Italia, dizia que o dinheiro fora entregue a um diretor da empresa, Ludgero Pattaro. Ele o enfiara numa maleta e, acompanhado por guarda-costas, encaminhara-se ao hotel Renaissance, onde o repassara a um destinatário de identidade desconhecida. Numa coluna publicada ao lado da reportagem, contei os bastidores do acordo secreto entre a Telecom Italia e o lulismo, sugerindo que aquele dinheiro teria sido usado para azeitar o relacionamento da empresa com o poder político.
O presidente da Telecom Italia, Giorgio Della Seta, classificou as denúncias de VEJA como "absurdas, fantasiosas e sórdidas". Ele afirmou ignorar o que Ludgero Pattaro fazia no hotel Renaissance com uma maleta cheia de dinheiro. Naji Nahas também contestou a reportagem, declarando ter recebido regularmente em seu escritório o valor de 3,25 milhões de reais. O caso parecia morto. Eu parecia absurdo, fantasioso e sórdido.
No Natal de 2007, ocorreu uma reviravolta. Recebi de presente mais um documento. Ele consta do inquérito da magistratura milanesa contra a Telecom Italia e confirma integralmente o que VEJA publicou dois anos atrás. Trata-se de um depoimento de Marco Girardi, diretor financeiro da Telecom Italia no Brasil, realizado no dia 11 de novembro passado. Ele confessou o seguinte:
• Giorgio Della Seta, aquele das denúncias "absurdas, fantasiosas e sórdidas", amigo de Lula e de Marta Suplicy, mandou-o preparar um pacote com 1,3 milhão de dólares em dinheiro vivo.
• Um carro-forte fez a entrega de 3,25 milhões de reais na sede da Telecom Italia. Ali mesmo, um cambista trocou os reais por dólares.
• Os dólares foram entregues a Ludgero Pattaro, assessor direto de Giorgio Della Seta. Ele acondicionou o dinheiro em pacotes de diferentes valores, enfiou-o numa maleta e dirigiu-se ao hotel Renaissance, repassando-o a algumas pessoas que Marco Girardi nunca vira.
• Alguns dias depois, Giorgio Della Seta mandou o diretor financeiro entregar mais 406.000 reais a Ludgero Pattaro, para um pagamento análogo.
Mas a história é ainda mais enlameada. Outro diretor da Telecom Italia, Marco Bonera, admitiu em juízo ter transportado 300.000 dólares a Brasília, para recompensar um grupo de deputados federais. A leitura da confissão de Marco Girardi mostra que aqueles 300 000 dólares, adiantados pela Pirelli como "despesas de viagem", fazem parte da transação com Naji Nahas.
Até 2006, a Telecom Italia foi a grande aliada do lulismo na batalha pelo espólio da Brasil Telecom. Um espólio que está para ser cedido à Telemar, por meio de um decreto presidencial. Ludgero Pattaro, o homem da maleta cheia de dólares, é candidato a uma das vagas no conselho consultivo da Anatel, que analisará o negócio. Absurdo? Fantasioso? Sórdido? Sim, tudo isso.

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