Vejam como a negociação de Organização Mundial do Comércio (OMC) é complexa: os EUA propuseram um teto anual de US$ 15 bilhões para os subsídios que pagam aos seus agricultores. Esses subsídios compensariam os preços baixos nos mercados internacionais.
Ora, neste ano e no ano passado, quase todos os preços agrícolas estiveram muito altos, de modo que o governo americano não precisou subsidiar diversos agricultores.
Resultado, os gastos dos EUA com subsídios neste e no ano passado, estão em torno dos US$ 7,5 bilhões – metade dos US% 15 bilhões que propuseram nas negociações. As negociações são para cortar, não para aumentar os subsídios.
Por outro lado, a lei agrícola aprovada recentemente pelo Congresso americano estipula um teto anual de até US$ 48 bilhões para subsídios agrícolas. Esse é o valor que o governo poderia gastar em um momento de preços internacionais baixos.
Ora, US$ 48 bilhões é três vezes o teto proposto pelos mesmos EUA em Genebra. Aí, é, de fato, uma redução.
Por outro lado, US$ 15 bilhões é apenas um pouco abaixo da média dos últimos dez anos.
De todo modo, os subsídios são mais distorsivos nos momentos de preços baixos. Recebendo um dinheiro certo do governo, os agricultores americanos entram com vantagens no mercado internacional, podendo cobrar preços menores de seus compradores, já que recebem uma parte por fora do governo.
Finalmente: a lei agrícola atual foi aprovada pelo Congresso, com a maioria democrata. O presidente Bush vetou a lei, propondo uma redução dos subsídios, que seriam limitados a agricultores mais pobres, com renda anual de até US$ 200 mil.
Os deputados e senadores derrubaram o veto do presidente e mantiveram a lei, inclusive o subsídio a agricultores com renda de até US$ 1,2 milhão e a plantadores de milho para etanol.
Sabem quem foi um dos mais entusiastas defensores da lei?
Barack Obama – líder das pesquisas eleitorais nos EUA.