Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 21, 2006

Os limites dos petrodólares de Chávez

Os limites da petrodiplomacia

Eleição no Equador e impasse
na ONU expõem fraquezas da
política de Chávez


Denise Dweck

Fernando Llano/AFP
Hugo Chávez: Evo Morales foi a última vitória


O dinheiro pode comprar muita gente, mas não todo mundo. Na semana passada, começou a patinar o mais ativo esforço diplomático do presidente Hugo Chávez: sua candidatura a uma vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU. Apesar de Chávez ter visitado mais de trinta países e paparicado ditaduras em todas as latitudes, a Guatemala venceu três dezenas de votações realizadas no plenário das Nações Unidas, ainda que sem obter a maioria necessária para ser eleita. Para um país ser escolhido, precisa do apoio de dois terços dos países-membros. Se persistir o impasse, provavelmente será apresentado um candidato de consenso para uma das duas vagas reservadas a países latino-americanos no Conselho de Segurança.

Chávez foi atropelado pelo apoio americano à Guatemala e pelo mal-estar que seu populismo provoca em governos mais sérios. Ainda que seja difícil para uma democracia justificar tal voto, os países do Mercosul, incluindo o Brasil, votaram no coronel. Os limites da diplomacia dos petrodólares também foram escancarados pelos resultados do primeiro turno das eleições presidenciais no Equador. O equatoriano Rafael Correa, o candidato apoiado por Chávez, liderou as pesquisas até pouco antes da votação, mas acabou em segundo lugar. O trunfo de seu adversário, Álvaro Noboa, o homem mais rico do país, para a virada: convencer o eleitor de que Correa é um clone de Chávez.

Dolores Ochoa R./AFP
Partidários de Correa, no Equador: entre dois populismos

A última vitória da diplomacia dos petrodólares foi a eleição de Evo Morales na Bolívia, dez meses atrás. Dali em diante, todos os candidatos latino-americanos associados ao coronel venezuelano foram rejeitados pelos eleitores. Foi assim com Ollanta Humala, derrotado no Peru, em junho, e com Andrés Manuel López Obrador, que começou a campanha como favorito e acabou atrás na disputa pela Presidência do México, em julho. "Há uma parcela da população latino-americana que admira o falatório de Chávez, mas poucos querem alguém como ele comandando o próprio país", diz o americano Peter Hakim, presidente do centro de estudos Diálogo Inter-Americano, em Washington.

O resultado apertado do primeiro turno coloca o Equador no rol dos países com a população dividida eleitoralmente. Esse tipo de eleição pode ser uma fonte de problemas políticos. No México, Obrador recusa-se a aceitar o resultado das urnas. No Equador, contribuiu para colocar a eleição sob suspeita o colapso do sistema computadorizado de apuração montado por uma empresa brasileira. O próximo desafio da ofensiva dos petrodólares é a eleição presidencial na Nicarágua, em novembro. O candidato financiado por Chávez, Daniel Ortega, representa o sandinismo, o movimento que conquistou o poder pelas armas nos anos 70 e arruinou o país com uma política econômica inspirada na cubana.

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