Panorama Econômico |
O Globo |
19/10/2006 |
Das sabatinas com os candidatos a presidente, ficou-me uma sensação curiosa: o candidato que está vencendo a eleição estava irritado, nervoso e participou da entrevista como se estivesse num ringue; o candidato que está perdendo recebeu perguntas duras dos colunistas com um sorriso calmo, sem demonstrar irritação. Um marciano que visse as duas entrevistas faria um cálculo errado sobre as chances de cada um. O candidato Lula melhorou na divisão regional: conservou o extraordinário desempenho no Nordeste, saiu do empate para a vantagem no Sudeste e reduziu a desvantagem que tem no Sul. Na avaliação por classes de renda, ele avançou ainda mais entre os mais pobres, virou o jogo nas rendas médias e reduziu as perdas entre as rendas mais altas. Veja os gráficos abaixo dos votos válidos nas duas últimas pesquisas. Esses dados derrubam a hipótese de um país dividido entre ricos e pobres. Na verdade, há uma diferença de sensação econômica. No Sul, o câmbio baixo atingiu a estrutura econômica e aprofundou a recessão provocada por duas secas consecutivas. No Nordeste, o barateamento da comida devido ao câmbio baixíssimo provoca uma sensação de afluência que conduz o voto ao governo. Houve uma valorização do real de 62% durante o governo Lula. Isso produziu efeitos bons para uns e péssimos para outros. A inflação baixa foi o grande eleitor de Fernando Henrique em 94 e 98. A inflação baixa está agora sendo o grande eleitor de Lula. Hoje, Lula já sabe da popularidade da estabilização. Por isso, fez uma afirmação que afronta todos os registros históricos: a de que foi ele que acabou com a inflação. A verdade é que o PT e Lula foram contra os planos de estabilização; abraçaram idéias velhas e ingênuas, como pacto de preços e câmaras setoriais, para acabar com a inflação; votaram contra o real e nunca passaram nem perto das idéias que desmontaram a hiperinflação brasileira. O que fez Lula melhorar em todas as faixas de renda, todos os níveis de escolaridade, todas as regiões foi a propaganda maciça feita do seu governo. Isso melhorou sua avaliação, levando-a ao melhor nível desde o fim da lua-de-mel pós-eleição. Para se ter uma idéia, em março de 2003, pelo Datafolha, a avaliação positiva era feita por 43% dos entrevistados, e 10% faziam avaliação negativa; agora, 51% avaliam positivamente, e 15% negativamente. No final de 2005, por causa do mensalão, a avaliação do governo chegou a ser de 28% positiva e 29% negativa. Naquele momento, a queda da popularidade era resultado do choque provocado pelo mensalão e da exposição negativa que as CPIs provocaram. Agora, o horário eleitoral e a campanha serviram para que o governo fizesse uma pesada propaganda sobre seu desempenho - alguns dos dados não resistem a uma prova dos nove -, e isso favoreceu as intenções de voto do candidato à reeleição. A campanha tem sido tão eficiente que tem até mudado a cabeça de eleitores de regiões mais atingidas pelos problemas atuais. É por isso que Lula reduziu para seis pontos percentuais a diferença de votos válidos no Sul que era, na penúltima pesquisa, de 18 pontos. O Sul continua em recessão, e o consumidor compra menos; no Nordeste, todos os indicadores mostram aumento de consumo. E isso vai definir esta eleição. O voto ideológico é cada vez menor, mas requentar a idéia de uma batalha ideológica foi uma estratégia inteligente porque trouxe, de volta para o PT, o eleitor que andava decepcionado e arisco. Mas é o voto econômico que está decidindo esta eleição. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, outubro 19, 2006
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