O Estado de S. Paulo |
11/10/2006 |
O governo e o PT mais uma vez estão sendo competentes na arte de confundir ao máximo a cabeça das pessoas para evitar explicar o mínimo sobre fatos que os comprometem. A cada dia surge uma nova versão sobre o dossiê contra os tucanos, cujo esclarecimento vai caminhando célere em direção ao mais profundo buraco negro. Na semana seguinte à prisão dos petistas que se preparavam para pagar R$ 1,75 milhão por documentos e uma entrevista denunciando o então candidato ao PSDB e agora governador eleito de São Paulo, José Serra, como integrante da máfia das ambulâncias, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, assegurou que o caso estava "praticamente esclarecido". Lá se vai quase um mês e não só nada está esclarecido, como o quadro se configura completamente confuso. A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo de nada menos que 650 linhas telefônicas para, a partir do cruzamento dos dados, rastrear o dinheiro e tentar chegar à sua origem. Ao mesmo tempo, levanta-se a hipótese de que o montante tenha tido origem no jogo do bicho - onde vale a escrita precária e a palavra empenhada em detrimento de registros passíveis de serem usados como provas. Isso oficialmente. No terreno da boataria espalham-se outras tantas histórias, dando conta ora de que o dinheiro pertence a um político bastante conhecido, ora que foi fornecido por um empresário igualmente notório, no sentido de finório. A polícia diz que não existem provas contra Freud Godoy, assessor direto do presidente Luiz Inácio da Silva, mas não descarta seu envolvimento. O denunciante de Freud afirma que foi coagido a apontar o nome de alguém ligado ao presidente em seu depoimento e, para coroar a babel, o presidente, o ministro Tarso Genro e o deputado eleito Ciro Gomes avalizam uma teoria segundo a qual quem montou o dossiê contra o PSDB foi o PSDB para complicar a vida do PT. O argumento é bem simplesinho: se o prejudicado foi Lula, os arquitetos só poderiam ser os adversários. É claro que tal lógica subtrai a evidência de que o prejuízo só ocorreu porque a ação deu errado. Na verdade o que menos vale nessa história toda é justamente a lógica, porque a idéia é confundir os raciocínios, complicar as investigações de tal forma que o público comece a achar que está mesmo diante de um grande saco de farinha onde cabem todos os contendores da disputa eleitoral, este ente "sujo" genericamente denominado de "os políticos". Não se pode negar a eficácia do truque, pois hoje já se vê gente "pensando bem" se, de fato, tudo não teria passado de uma urdidura tucana para atingir o presidente e provocar o segundo turno da eleição. Ficou em segundo plano a condenação veemente dos "meninos aloprados", feita quando se imaginou fosse suficiente para tirar a suspeita dos ombros do presidente, bem como foi posta de lado a necessidade de "apuração profunda e rápida" das responsabilidades no momento em que Lula estendeu para "até 10 anos" o prazo para o esclarecimento final. Resumindo: não adianta a oposição, a população nem ninguém cobrar a composição dos pingos nos is desse caso do dossiê, porque por iniciativa do governo não vai acontecer nada além do aparecimento de novas e cada vez mais emaranhadas versões. Cortesia O governador eleito de São Paulo, José Serra, recebeu telefonemas de congratulações de vários petistas, sendo o mais ilustre deles o presidente da República. "Você que é feliz, ganhou no primeiro turno", disse Lula. Ligaram também, entre outros menos graduados, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, este manifestando espanto com o caso do dossiê. Na ocasião, não fez referência à suposição de que o episódio tenha sido uma armadilha montada pelo PSDB para pegar o PT em flagrante delito, versão só difundida mais recentemente. Ingratidão Não obstante a redundância da imagem, o presidente Lula foi injusto com os delegados de polícia ao usá-los na comparação depreciativa - "delegados de porta de cadeia" - para manifestar seu desagrado com o desempenho de Alckmin no debate. Principalmente com os da Polícia Federal, que lhe permitiram fazer das operações da PF uma das jóias de sua coroa. Troca A pífia votação (4%) de Orestes Quércia na eleição para o governo de São Paulo renovou as energias de seus desafetos dentro e fora do PMDB. Há uma articulação em andamento, juntando tucanos e pemedebistas de oposição a Lula, para tirar de Quércia o comando do partido em São Paulo. De guarda Depois da derrota no Ceará, Tasso Jereissati também não está sendo considerado como o mais indicado tucano para presidir o PSDB. No caso da eleição de Alckmin, não haverá problemas, pois o senador é tido como integrante certo da equipe ministerial. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, outubro 11, 2006
Dora Kramer - Buraco negro
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