Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 01, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO CÚPULA FRUSTRANTE

 Fracassou a reunião de cúpula da Casa (Comunidade Sul-Americana de Nações), encerrada ontem em Brasília com a melancólica embora significativa ameaça pública do venezuelano Hugo Chávez de não assinar o documento final. A Casa pretende integrar física e politicamente os 12 países participantes.
Alguns dos sócios do Brasil parecem ver o projeto de modo pouco entusiasmado. Os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, não compareceram. Já o argentino, Néstor Kirchner, ausente na reunião de lançamento da Casa, desta vez veio, mas sua presença foi breve. Participou do jantar de boas-vindas anteontem em Brasília e retirou-se antes da abertura da cúpula. De modo análogo, o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, limitou sua visita a poucas horas. Informou que haveria um encontro de primeiras-damas em Assunção ao qual não poderia faltar.
Parece existir uma assimetria entre a importância que o Itamaraty atribui à Comunidade Sul-Americana de Nações e a que alguns dos outros países participantes lhe dão. Não dá para deixar de vincular as ausências e as participações quase simbólicas de alguns dos mais importantes chefes de Estado da região a arestas criadas pela política externa brasileira.
No caso da Colômbia, é claro o desgosto de Uribe com o que considera apoio ostensivo do Brasil a Chávez, da Venezuela, com o qual Bogotá tem contenciosos. E na irritação de Lula com a atitude de Chávez, ontem, vê-se que esse apoio tampouco assegura a parceria do venezuelano.
Já a Argentina, o Uruguai e o Paraguai (o Mercosul) andam descontentes com os rumos que o bloco vai tomando. Queixam-se da ânsia com que o Brasil pretende consolidar-se como potência regional, mesmo que passando por cima de legítimas aspirações alheias. Esse movimento ficou claro na tentativa do Itamaraty de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e altos postos em órgãos internacionais como a OMC e o BID.
Se o país realmente deseja consolidar-se como líder da região, deve comportar-se de maneira mais habilidosa, ouvir as queixas dos vizinhos e fazer as concessões certas.

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