Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, outubro 18, 2005

CLÓVIS ROSSI A segunda confissão

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MADRI - Se se quiser utilizar o critério do líder nas sombras do PT, o deputado José Dirceu, dá para dizer que Paulo Rocha está assinando uma confissão de culpa ao renunciar ao mandato para evitar a cassação.
Foi esse o argumento central de Dirceu ao negar-se a renunciar quando estava por iniciar o seu próprio processo de cassação: disse-se inocente e, por extensão, negou-se a fazer o que considerava uma confissão de culpa.
Na verdade, é uma segunda confissão de culpa, na medida em que nenhum dos parlamentares da lista de cassáveis negou até agora o fato de terem recebido, diretamente ou por meio de auxiliares ou parentes, recursos do "valerioduto".
Como são recursos de caixa dois, cometeram crime.
A renúncia de Paulo Rocha acaba adquirindo caráter emblemático mesmo que não venha acompanhada de outros parlamentares, além de José Borba (PMDB), pelo menos até o momento em que redijo este texto.
Trata-se de dois ex-líderes, do PT e do PMDB. Líderes são, em tese, o melhor representante de um determinado conglomerado, no caso as bancadas petista e peemedebista. Se o melhor quadro de cada um desses dois grandes partidos é capaz de cometer duas confissões de culpa no mesmo ato, a opinião pública tem todo o direito de desconfiar seriamente da santidade dos demais deputados do PT e do PMDB.
Como já renunciou também o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e foi cassado o presidente, até faz bem pouco, do PTB, Roberto Jefferson, tem-se um cenário de degradação política ponderável. Mais ainda se se considera que o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, e mais de um líder do PP tiveram suas contas também irrigadas pelo "valerioduto".
O diabo é que, com tais envolvimentos, torna-se difícil fazer uma limpeza realmente profunda. De todo modo, as renúncias de ontem são mais duas ausências que preenchem lacunas no Parlamento.

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