Uma análise em perspectiva dos argumentos e propostas mobilizados pelos políticos acusados de envolvimento em esquemas criminosos de arrecadação e distribuição de dinheiro atesta a mesquinhez e o rebaixamento do debate político em curso no Brasil.
As partes não alegam inocência, mas buscam escudar-se sob o argumento de que os adversários também são culpados. Promessas de lisura no futuro são endossadas coletivamente com louvor. Dirigentes praticam malabarismos retóricos para defender um "caixa dois sem corrupção". Congressistas envolvidos no esquema do "valerioduto" são excluídos da lista de cassáveis sem explicações. E estrategistas do governo teorizam sobre as perspectivas "pós-crise", como se o processo de apuração não estivesse em pleno curso.
Na última quinta, por exemplo, a bancada do PT no Senado divulgou uma proposta de resolução segundo a qual os candidatos prometem não fazer caixa dois nas próximas eleições. A medida, aprovada pelos senadores petistas e submetida ao Diretório Nacional do partido, equivale a um atestado de omissão. A lei já proíbe e criminaliza o uso desses recursos. Se respeitar essa premissa é requisito básico para qualquer cidadão, que dirá para os que ocupam cargos no governo e no Legislativo.
A atitude do PT em relação à prática do caixa dois tem sido marcada pela fragilidade das justificativas e por uma ambigüidade digna de nota. Por um lado, seus dirigentes esforçam-se em atenuar a gravidade da prática, procurando dividir a responsabilidade com outros partidos e com o governo anterior. A epítome dessa estratégia é a famigerada declaração do presidente Lula, para quem o PT, do ponto de vista eleitoral, fez "o que é feito sistematicamente no Brasil".
Por outro, reconhecem tratar-se de falta grave. Mas atribuem a responsabilidade exclusiva ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, como se pudesse ter movimentado tamanha soma de fundos ilegais sem o conhecimento da direção do partido.
Curiosamente, partiram dele as declarações mais reveladoras a respeito desse processo. Delúbio deixou claro que o argumento de que os beneficiados pelo esquema de Marcos Valério desconheciam a origem dos recursos é fantasioso. "Não sei de onde imaginavam que o dinheiro viria -se do céu, num carro puxado por renas e conduzido por um senhor vestido de vermelho", escreveu.
É vão o esforço para converter o caixa dois numa simples irregularidade eleitoral. Na imensa maioria dos casos, o dinheiro que financia essa prática vem da corrupção. Fundos ilegais de tal monta se originam de empresas interessadas em contratos e outros negócios públicos e/ou das "comissões" advindas desses contratos. Não há como naturalizar processo de favorecimento tão evidente.
A falta de mobilização da oposição para investigar a origem dos recursos -assim como a inexplicável exclusão do senador tucano Eduardo Azeredo da lista de cassáveis- é indício de que a crise se ramifica para além do governo e envolve dimensões ainda obscuras. Não há dúvida de que ainda resta muito a apurar.
Entrevista:O Estado inteligente
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