Entrevista:O Estado inteligente

domingo, outubro 16, 2005

ELIANE CANTANHÊDE O calabrês e o tuareg

FSP
BRASÍLIA -
O calabrês José Serra diz que só pode entrar na campanha presidencial para ganhar. Ele andava candidatíssimo, mas Lula se recupera e ele reflui. Está em banho-maria.
Já o tuareg Geraldo Alckmin está decidido a ser candidato, esteja Lula bem, mal ou mais ou menos. Ou seja, para ganhar ou para perder.
Diferença: o risco de Serra é bem maior. Ele teria de abandonar a maior prefeitura do país no meio do caminho -e entregar ao pefelista Gilberto Kassab, prato cheio para a oposição. Já Alckmin tem mesmo de sair do governo e está convencido de que, a um ano da eleição, pesquisa é como vento. Vai e vem.
Essa é a análise racional. A passional é um tanto diferente. O tuareg tem frieza e cálculo, mas o calabrês tem sangue quente e impetuosidade. Dez entre dez tucanos acham que Serra diz uma coisa e pensa (ou sonha) fazer outra. No discurso, não faz questão. No íntimo, está com comichão de disputar a qualquer custo.
Pelo sim, pelo não, há um acordo mediado pelo governador Aécio Neves (candidato a tertius), pelos senadores Tasso Jereissati e Arthur Virgílio (pró-Alckmin) e pelos deputados Alberto Goldman e Jutahy Magalhães (pró-Serra), entre outros.
Eis o acordo: em fevereiro, todos sentam, avaliam o quadro e as chances de cada um. O mais forte vira candidato. O outro vira soldado da campanha dele e todos serão felizes para sempre (?!).
Desdobramento: se der Alckmin, Serra continua prefeito; se for Serra, Alckmin fica no Bandeirantes até o fim. Assim, o PSDB mantém uma das duas vagas (governo ou prefeitura), e o PFL herda só a outra.
Resta saber o que a prática, a oportunidade e principalmente as chances de Lula vão determinar. Lula perdeu o encanto, mas tem força eleitoral. O eleitor pode estar insatisfeito, mas resiste em admitir que errou. E uma coisa é o desencanto com seu candidato; outra, trocar por um que considere melhor.
Esse é o grande desafio do PSDB.

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