BRASÍLIA - A escolha de Leomar Quintanilha (PMDB-TO) para presidente do Conselho de Ética eleva ao paroxismo a capacidade de o Senado se autoflagelar.
O tocantinense responsável pela ética da Casa é alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal). É acusado de "suposta prática de crimes de quadrilha ou bando, peculato [desvio de verbas] e fraude a licitação". Também responde por "crime contra a ordem tributária".
Quintanilha comentou o assunto: "Jamais fui oficialmente notificado, razão pela qual não tenho elementos para me pronunciar".
Quintanilha faz parte de uma anomalia irreversível no Senado da República. Goiás passou a ter nove senadores depois da Constituição de 1988: os três originais, as três cadeiras extras para o novo Estado de Tocantins e ainda mais três para Brasília, o Distrito Federal.
No caso brasiliense, o histórico é desabonador. Um senador, Luiz Estevão, já foi cassado (o primeiro da história a perder o mandato dessa forma). José Roberto Arruda renunciou para não ser cassado. Acabou eleito governador de Brasília. Um terceiro, Joaquim Roriz, está enredado num escândalo envolvendo compra e venda de gado. Tocantins agora oferece ao Brasil o heterodoxo Leomar Quintanilha -um político com passagens pela Arena, PC do B e PMDB.
O PMDB, sigla atual de Quintanilha, é para ele talvez o porto mais seguro. Segundo levantamento do site especializado Congresso em Foco, a bancada de 20 peemedebistas no Senado é a campeã em número de processados criminalmente. Só três jamais foram indiciados pelos tribunais superiores: Pedro Simon (RS), Paulo Duque (RJ) e Geraldo Mesquita (AC).
Esses três nunca são cotados para relatar o Renangate ou para presidir o Conselho de Ética. Compreensível. Seria uma anomalia incompatível com o atual Senado.
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