Entrevista:O Estado inteligente

domingo, junho 17, 2007

Informe JB

Informe JB

Pensão da família Lamarca é certa?

Tales Faria
informejb@jb.com.br

R$ 12.125 mensais (cerca de R$ 4 mil a mais do que já vinha recebendo) e uma indenização de R$ 300 mil. É o que a família do guerrilheiro Carlos Lamarca receberá do Tesouro. A decisão foi tomada quarta-feira pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que aprovou a progressão da carreira para fins de recebimento de proventos. A medida reacende a polêmica sobre os gastos com indenizações a presos e mortos pela ditadura militar.

Desde 2001 o governo desembolsou mais de R$ 2,3 bilhões com 16 mil anistiados, revelou o repórter Vasconcelo Quadros, no JB de quinta-feira. Os gastos mensais com ex-ativistas que à época da ditadura perderam o emprego ou sofreram prejuízos por perseguição política são de R$ 28 milhões. O mais ilustre deles é o presidente Lula, que recebe R$ 8 mil mensais.

Outros militantes de esquerda, ex-guerrilheiros e ex-presos políticos anistiados, no entanto, não pediram indenizações. É o caso do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, e seu amigo Cid Benjamin - que idealizaram o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrich na década de 60.

E do irmão de Cid que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Heloísa Helena, pelo PSOL, César Queiroz Benjamin. Cesinha, como é chamado, também viveu agruras nos anos de chumbo:

- Tive de sair da escola com 13 para 14 anos, fiquei três anos clandestino, com nomes falsos, três anos e meio em uma solitária subterrânea de quatro metros quadrados, mais dois anos em um presídio, em Bangu, misturado com os presos comuns. Nunca fui levado a julgamento nem condenado. Sobrevivi.

- Quis indenização?

- Não quis indenização nenhuma, pois não me considero vítima. São episódios que pertencem à minha história pessoal, às opções que fiz, e, em algum nível, à História do país. Na minha opinião, indenizações em dinheiro deveriam ser exceção, e não regra, como acabou acontecendo. Está se generalizando a impressão de que todos os que lutamos contra a ditadura estamos fazendo o nosso pé-de-meia às custas da viúva. Isso não é correto.

- Valeu a pena?

- Suo a camisa, pago aluguel, vivo do meu trabalho e ponto final. A conversa que tive com meus três filhos, explicando a minha decisão de não receber esse dinheiro, valeu mais do que qualquer milhão.





Dilma suspendeu
Outra ex-guerrilheira que não recebeu pensão é a poderosa ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, que pertenceu à mesma VPR de Lamarca. Dilma abriu mão da grana enquanto estiver no governo.

Dilma e o PAC
Dilma Rousseff, aliás, anda numa fase de extremo nervosismo com o Programa de Aceleração do Crescimento. Há ministros e assessores que já viram a ex-guerrilheira dando murros em armários, reclamando da dificuldade em fazer andarem os projetos de obras do PAC.

Clone na Bahia
O governador da Bahia, Jacques Wagner, viajou para Portugal e Espanha. Deixou de plantão em Salvador a superpoderosa Eva Schiavon, gaúcha, secretária de governo com quem costumam despachar os demais secretários. Detalhe: foi Dilma Rousseff quem indicou Eva.

Noitada em Murici
Murici, a 200 quilômetros de Maceió, cidade do presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros, nunca viveu noite tão agitada como na passagem de quinta para sexta-feira. E olha que não foi nada de festa junina. É que, depois de assistir à reportagem da TV Globo, Calheiros disparou telefonemas para seus aliados na cidade levantarem todos os documentos em órgãos municipais e estaduais que comprovassem os negócios com venda de bois na região onde estão as suas fazendas. A operação durou a noite inteira. De manhã, toda a papelada fotocopiada seguiu de carro para Maceió e, de lá, voou para Brasília. Às 9h da manhã, Renan já estava na liderança do Bloco de Apoio ao Governo, de olheiras, com advogados e assessores a tiracolo e todos os papéis sobre seus negócios com bois.

O bordão pegou
Quinta-feira, no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Atrasos generalizados nos vôos, de cerca de quatro horas. Alguns grupos, em coro, entoavam o bordão da ministra do Turismo, Marta Suplicy: "Relaxa e goza!". Quando os protestos chegavam aos guichês de atendimento, o mesmo hit era freqüentemente repetido pelas atendentes das companhias aéreas.

Inpa abandonado
A Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso promove, amanhã, uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Amazonas. Relator da comissão, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) aproveita a audiência para uma conversa reservada com cientistas do respeitado Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa). Os doutos estão revoltados com o governo federal, que nos últimos quatro anos cortou pela metade as verbas orçamentárias para pesquisas. Para se ter uma idéia, em 2001 o Inpa recebeu do Orçamento da União R$ 52 milhões. No ano passado, a verba baixou para R$ 22 milhões.

Vai romper?
Jorge Pereira (PP) controla, há uns 20 anos, em ação sempre nos bastidores, a maioria da Câmara dos Vereadores. A estratégia nunca deixou de ser a mesma: forçar o prefeito Cesar Maia a fazer concessões e distribuí-las entre colegas. Em uma entrevista há alguns meses, reconheceu que nem sempre age dentro dos padrões que se espera de um vereador. Pois agora Jorge lançou-se candidato a presidente da Câmara. Cesar Maia imediatamente informou à imprensa que vai intervir nessa luta. Até hoje, o prefeito tem sempre acertado algum tipo de acordo com Jorge Pereira sobre todos os temas de interesse do Executivo.

17 / 06 / 2007

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