Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 14, 2006

MILLÔR

Tão sincero quanto o medo

Debate das lideranças

– Dá licença?
– Licença só na Prefeitura.
– Como é que é?
– Sendo.
– Mas como é que vai?
– Aquela coisa.
– E a família?
– Na mesma.
– Mas, fala, o que é que há?
– Está pra haver o diabo e você está no meio.
– E quando é que você revela de onde veio o dinheiro?
– No Dia de São Nunca a qualquer hora em ponto.
– Ah, é? E agora?
– Suja na mão e bota fora.
– O que é que você quer dizer com isso?
– Chouriço.
– Mostra, eu quero ver.
– Não tem vista nem revista. Nem nariz de lagartixa.
– Mas que time é o teu?
– Andaraí no seu gramado.
– Jacaré no seco anda?
– Cachorro que late n'água, late enterra.
– Jura?
– Juro como a cabeça da coisa é dura.
– Mas eu pensava.
– Pensando morreu um burro com cangalha e tudo.
– Posso comer?
– O que não mata, engorda.
– A coisa está feia.
– Feia só? Feia e meia.
– É mesmo. Ontem eu vi ela.
– Viela é um beco sem saída.
– Que horas são?
– As mesmas de ontem a essas horas.
– Então vamo-nos.
– Vamos nus porém vestidos.
– Veremos.
– Isso dizia o cego e nunca viu nada.
– Então, até o dia 29!
– Vá com Deus, a paz e o livramento. Se achar um buraco, cai dentro.

Arquivo do blog