Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, outubro 04, 2006

JÁ VI ESSE FILME

JÁ VI ESSE FILME
Por Giulio Sanmartini
Me parece já ter visto o fato, tudo aconteceu nas eleições presidenciais de 1989. Leonel de Moura Brizola ex exilado político pela ditadura militar, voltou como governado do Estado do Rio de Janeiro, agora se preparava para o grande salto, a cadeira presidencial do Palácio do Planalto. Partiu na frente, Collor era pouco conhecido e estava construindo sua fama (falsa) de caçador de marajás a que se dedicara como governador de Alagoas, Lula tivera uma apagada participação como deputado Constituinte, deixando a câmara, porque segundo ele era constituída de “300 picaretas”.
Brizola trazia a fama de comunicador imbatível, mas não combinou com seus adversários, antes do primeiro turno Collor já assumira nas pesquisas de opinião a dianteira na intenção de votos, o segundo lugar estava em disputa acirrada entre ele e Lula. O brizolistas diziam, que no horário gratuito de televisão Brizola tiraria de letra, não teria para ninguém.
Quando começou a contagem dos votos, na frente aparecia Brizola, seus “torcedores” na Brizolândia (RJ) comemoravam, mas quando começaram a abrir as urnas de todo o Brasil viu-se que ele ficara emparedado nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, moral da fábula, foram para o segundo Collor e Lula, ficando Brizola a lamber suas feridas, esquecendo que administrara sua candidatura com a mesma incompetência como administrara o estado do Rio de Janeiro, dessa forma os desejos presidências de Brizola morreram antes de ter nascido.
Lula chegou à política vindo da classe sindical, chegou num momento em que tudo lhe era favorável e foi tomando conta da situação. Seu Partido dos Trabalhadores (PT), além de avocar-se o poder da ética, sempre fez uma oposição feroz a tudo que estivesse fora de seus quadros, chegou até a pregar a subversão com o já famoso “Fora FHC”. Atingiu o poder por cansaço de material do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que durante oito anos esteve no governo.
Chegou à presidência da República com fanfarras e rojões de apito, a maquina administrativa foi tomada pelo partido, que lançou-se como um bando de bárbaros enfurecidos, esfaimados e ensandecidos por uma desmesurada gula, todos queriam e tiveram, seus “bocões” e suas “boquinhas”, mais que isso a ética foi jogada no lixo com papel que teve um uso pouco nobre. A incompetência de Lula começou em escolher na “nata” do partido aqueles que o ajudariam a governar: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Duda Mendonça, Silvio Pereira, João Paulo Cunha, todos tiveram que ser afastados por corrupção.
Mas nada agarrava em Lula, saia das crises com um ingênuo e falso: não sei, não vi, todos fazem... e sua popularidade continuava estável.
Para esta eleição juntou outro grupo de “cabeças privilegiadas” do partido: Ricardo Berzoini, Freud Godoy, Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Jorge Lorenzetti, Hamilton Lacerda, que entraram canhestramente no escândalo Operação Tabajara, ou “dossiegate”.
Lula achou que também sairia desta sem que nada colasse, a tal ponto que três dias antes da eleição encheu a boca da prepotência dos ignorantes para proclamar que venceria no primeiro turno, quem quisesse o segundo teria que esperar até 2010. Mas o castigo chegando em veloz a cavalo, veio imediatamente punir sua arogância e supervalorização, o que parecia um milagre aconteceu, numa subida espetacular seu opositor chegou ao segundo turno. Lula jogara todas suas fichas na pobreza e num paternalismo criminoso, especialmente para as gerações futuras, mas deu chabu.
Agora vamos ver um segundo , onde sua vantagem folgada deixou de existir, a nova intelligentsia de seu partido, que foi chamada para resolver essa fósmea, mais alguns jornalista formadores de opinião, instem na tecla que Lula será imbatível por sua capacidade liderança e sua personalidade carismática. Nem se discute, parecem muito fortes se comparadas a de seu opositor, todavia não se pode esquecer que com sua figura discretíssima, Alckmin ganhou uma eleição para governador de São Paulo, politicamente o segundo cargo mais importante do país. A liderança de Lula e seu carisma também podem ser discutidos, com estes elementos ele não tem conseguido nem unir seu partido.
O carisma de Lula me faz lembrar o “imbatível” poder de comunicação de Brizola. Pois é, eu já vi esse filme e o mocinho morre no final.

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