BRASÍLIA - Já se discute abertamente a flexibilização da política econômica num provável segundo mandato de Lula, mas não há previsão de uma guinada numa outra área igualmente polêmica e sujeita a pressões: a política externa.
Ao contrário, Lula deverá manter tanto a política externa como seu principal executor: o ministro Celso Amorim, embaixador de carreira com desenvoltura na área cultural e política e nas negociações comerciais. Desde o primeiro turno, o assessor internacional Marco Aurélio Garcia, agora guindado a presidente do PT e a coordenador da campanha de Lula, já avisava que aí ninguém vai mexer.
"A direção da política externa está certa", disse Amorim há um mês. "Não vai mudar nada. Basicamente, vai aprofundar a política do primeiro mandato", avaliou Garcia.
São muitas, porém, as críticas a um viés "ideológico" ou "esquerdizante" contra os EUA e a Europa e a favor de países periféricos. Do viés aos erros, como enterrar a Alca e politizar excessivamente as negociações na OMC, perdendo as duas.
Resposta do Itamaraty: o Brasil via a Alca como facilidades para o cobiçado mercado americano, mas Washington só queria impor suas normas legais nas suas áreas de interesse: propriedade intelectual, serviços e investimentos.
A prioridade é a OMC. O Brasil participa de 2% do comércio internacional, mas liderou a criação do G20 (países em desenvolvimento exportadores agrícolas) e mudou de patamar: hoje, é um dos quatro principais negociadores da organização, junto com EUA, UE e Índia.
Com os EUA, tudo vai bem. Na América do Sul, paciência, paciência, paciência, porque os presidentes são difíceis, mas os países, parceiros fundamentais. Amorim e Lula têm um bom casamento. Um conhece, estuda, faz. O outro entra com o peso político e o carisma. Acham que, assim, o mundo olha cada vez mais para o Brasil.
Entrevista:O Estado inteligente
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