O Estado de S. Paulo |
18/10/2006 |
Hoje, o Copom cortará mais uma vez os juros, provavelmente em meio ponto porcentual, para 13,75% ao ano. Se isso se confirmar, o tombo acumulado nos juros desde setembro de 2005 será de 6 pontos porcentuais (veja gráfico). As reclamações de sempre serão de que o corte poderia ter sido maior. E, desta vez, aos argumentos habituais será acrescentado o de que a inflação deste ano ficará alguma coisa entre 2,5% e 3,0%, bem mais perto do piso (2,5%) do que do centro da meta (4,5%), o que, de quebra, deixará para o ano que vem uma inércia (arrasto) bem menor do que a dos outros anos. O Banco Central vai, como sempre, cuidar de que a caravana passe, sem dar importância para as críticas - dentro da filosofia conservadora de que devagar se vai mais longe. A política monetária ortodoxa tem, sim, muito a ver com a queda dos juros, mas não dá para negar que, de uns tempos para cá, as forças externas parecem dar para isso contribuição muito maior do que há alguns meses. O mundo está inundado de liquidez. Os especialistas gastam horas de computador para tentar medi-la, mas talvez não seja necessário. O fato mais significativo é que o ciclo de arrocho monetário nos Estados Unidos (e também na Europa e no Japão) está chegando ao fim com juros de 5,25% ao ano (nos Estados Unidos), pico mais baixo desde a década de 60. Há certo risco de que, lá pelas tantas, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) entenda que seja necessário reforçar a dose. Mas dificilmente ultrapassará juros de 5,5% ao ano. Perdeu argumento quem vinha advertindo para o perigo de que o Brasil mergulhe na recessão caso desapareça a liquidez internacional. Se no ponto mais alto da restrição monetária no mundo rico ainda há fartura de recursos e de crédito, imagine-se o que acontecerá quando o Fed recomeçar a temporada de flexibilização monetária. Houve um período (segunda metade da década de 90) em que o principal fator que vinha derrubando a inflação era o forte uso de Tecnologia de Informação, que aumentou a produtividade. Esse fator continua atuando. Outro fator que também está agindo para reduzir os preços, talvez com mais força, é o comércio mundial (globalização). Mercadorias de origem asiática (e não apenas chinesa) estão derrubando os preços ao redor do mundo. Tanto estão derrubando que os bancos centrais não vêem razão para aumentar mais os juros (reduzir a liquidez dos mercados) de maneira a controlar a inflação. A enormidade de recursos, por sua vez, vai sendo direcionada para compra de ativos (títulos, ouro, ações, commodities, imóveis, dívida de países emergentes, etc.). Quando os bancos centrais dos países emergentes compram títulos do Tesouro americano para formar reservas, contribuem para redução do retorno (yield) dessa aplicação. Uma das recomendações dos especialistas (veja www.bis.org/publ/work205.pdf) é de que, para definição dos juros, os bancos centrais deixem de guiar-se pelos índices convencionais de custo de vida e incorporem aos cestões de consumo os preços dos ativos financeiros . À medida que a forte procura impulsionar os preços desses ativos, a inflação assim medida aumentará e os bancos centrais terão de puxar pelos juros muito mais do que vêm puxando hoje. Seria bom se, em suas análises sobre os fatores de inflação, o Banco Central do Brasil fosse mais fundo nas suas observações sobre a atuação desse canal (internacional) de contenção de preços. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, outubro 18, 2006
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