Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 07, 2006

Carta ao leitor

Um "não" a tudo isso
Ed Ferreira/AE
Fila de votação: a maioria dos eleitores não quer um governo que cause vergonha

Pesquisas eleitorais, gostam de dizer os diretores de institutos, são como fotografias de um momento. Antes do primeiro turno da eleição presidencial, as "imagens" obtidas por esses levantamentos indicavam que, apesar da gradativa perda de cacife de Lula, os candidatos da oposição, juntos, não ultrapassariam o total de votos do atual presidente. Pois sucedeu o contrário. Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque arrebanharam 51,1% dos sufrágios, contra 48,6% de Lula. Além disso, Alckmin conseguiu milhões de votos a mais do que prognosticavam as pesquisas, atingindo a segunda maior votação jamais recebida por um político brasileiro, em números absolutos, num primeiro turno de eleição presidencial. Dessa discrepância entre os levantamentos e a realidade, há duas lições a tirar, e nenhuma delas significa uma condenação das pesquisas. A primeira lição é que, realmente, elas são como fotografias de um momento. A segunda é que esse momento pode sofrer uma reviravolta tal que o instante seguinte já é o seu oposto. Foi o que ocorreu às vésperas do último dia 1º.

A verdade é que a quantidade de eleitores que mudaram de idéia sobre em quem votar, horas antes do pleito, foi suficiente para levá-lo a uma segunda rodada. Isso demonstra a capacidade dos brasileiros de não se deixar instrumentalizar e de se indignar. A maioria deles, como comprovou o resultado das urnas, não quer um país onde as autoridades responsáveis pela manutenção das leis e pelo respeito à ética são as primeiras a quebrá-las. Também não quer um governo que cause vergonha e subverta a regra rudimentar, segundo a qual o crime não pode e não deve compensar. É bom para o Brasil que os eleitores tenham mantido a capacidade de julgamento. Alguém disse que a política não é uma ciência exata, e sim uma arte. Faltou dizer que o grande artista, no caso, é quem tem o direito de destituir os maus e colocar os bons no poder, para tentar melhorar o quadro geral. Você, eleitor.

Arquivo do blog