Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 18, 2007

Estados Unidos A corrida pela Casa Branca

Democratas preparam-se
para a festa

Com o moral dos republicanos em baixa,
Hillary Clinton é a favorita nas eleições
de 2008 nos Estados Unidos


Duda Teixeira

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No que diz respeito à discussão de idéias, a campanha para as eleições presidenciais de 2008 está sendo um tédio, com as tropas americanas do Iraque como o principal tema dos debates. A diversão fica por conta da heterogeneidade dos pré-candidatos. Entre os que têm mais chance de assumir o governo da maior economia (e também do maior arsenal) do mundo estão uma mulher, um negro, um mórmon, um veterano da Guerra do Vietnã e um ator. Embora a política americana já tenha muitos representantes com essas qualidades, nunca a amostra de pretendentes que disputam a candidatura oficial pelos seus respectivos partidos foi tão eclética.

A última sensação é o ator Fred Thompson, que atua no seriado de televisão Law & Order. Com 65 anos, voz de barítono e uma esposa loira 25 anos mais nova, Thompson faz o papel de um promotor público de Nova York nos episódios da série. Seu personagem é ultraconservador, assim como ele próprio na vida real. O ator, que já foi senador pelo estado do Tennessee duas vezes, tem hoje a preferência de 22% dos eleitores republicanos, o que o deixa apenas 5% atrás do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani. O vigor da candidatura de Thompson é menos uma demonstração de suas qualidades do que um reflexo claro da falta de um nome forte capaz de unir os republicanos. O favorito Giuliani não vai bem com os carolas de seu partido. Já teve três mulheres e sustenta bandeiras liberais, como a defesa dos direitos para homossexuais e do aborto. Em um país onde um em cada três cidadãos se declara conservador, esses traços trazem grandes desvantagens para Giuliani. "Todos os candidatos republicanos têm problemas potenciais, enquanto Thompson, para muitos, é apenas um ator", disse a VEJA o cientista político americano David Lanoue, da Universidade do Alabama.

Na fila dos republicanos estão também John McCain, senador que permaneceu cinco anos e meio como prisioneiro de guerra no Vietnã, e Mitt Romney, um mórmon que tem gasto muita saliva para contornar a resistência daqueles que desconfiam das peculiaridades de sua religião. Seu bisavô, por exemplo, era polígamo. Nos comícios, festas e prévias entre republicanos que estão ocorrendo durante o verão americano, há um inegável desânimo no ar. Em 2003, o eleitorado estava dividido em partes iguais entre republicanos e democratas. Hoje, só 35% se alinham com os republicanos. A causa mais óbvia da mudança é a implosão da presidência de George W. Bush, causada pelo Iraque e por outros desastres, como a incompetência em prestar socorro às vítimas do furacão Katrina, em Nova Orleans. Com a popularidade do presidente em queda livre, é quase certo que a cadeira presidencial passe para mãos democratas, que já reconquistaram a maioria no Congresso no ano passado.

Alex Wong/Getty Images
Bush: um desastre republicano

Desse outro lado, cada um procura explorar da melhor maneira seus atributos pessoais. A favorita é Hillary Clinton. Sua eleição criaria uma situação inusitada: o retorno de Bill Clinton à Casa Branca. Nas duas primeiras vezes como presidente. Agora, na condição de "primeiro-marido". Barack Obama, seu oponente entre os democratas, aparece como o primeiro negro com chance real de chegar à Presidência. Mesmo assim, sua inexperiência faz com que seis em cada dez negros prefiram Hillary a ele. Fora as diferenças pessoais, há realmente poucas divergências entre as propostas políticas. A situação na política externa é tão grave que não permite grandes revoluções. Durante a campanha, Obama chegou a afirmar que, se eleito, conversaria com líderes de países párias, como o Irã, o que Hillary rapidamente apontou como um ato de pura ingenuidade. No início deste mês, também se dissipou uma diferença com relação à espionagem oficial de e-mails e de ligações telefônicas – uma postura que os republicanos sempre defenderam e os democratas sempre rejeitaram. O Congresso, de maioria democrata, aumentou os poderes do presidente para bisbilhotar a vida dos cidadãos em nome da luta contra o terrorismo.

A vantagem democrata nas pesquisas de intenção de voto deve provocar uma ruptura histórica no legado eleitoral republicano. Nas últimas dez eleições, os republicanos emplacaram nada menos que sete mandatos. À medida que a campanha progride, a máquina eleitoral republicana perde visivelmente sua celebrada eficiência. São os democratas que mais arrecadam dinheiro para campanha. Nos Estados Unidos, onde eleitores podem contribuir com até 4.600 dólares para seus candidatos preferidos, Hillary Clinton soma quase o dobro do seu provável adversário, Rudy Giuliani. O total obtido até agora por todos os candidatos democratas já supera em 100 milhões de dólares o dos rivais. A maioria dos americanos começa a se acostumar com a idéia de ver novamente Hillary Clinton – e Bill – na Casa Branca.

Montagem sobre fotos de Yuri Gripas/Reuters, Cory Olsen/AP, Paul Hosefros/The New York Times, Brett Flashnick/AP e Rebecca Cook/Reuters
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