12.8.2007
| 21h24m
Democratas quer CPI da Suzano
Os deputados Rodrigo Maia (RJ) e José Carlos Aleluia(BA), presidente e vice-presidente do Democratas, vão propor nesta semana a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a aquisição da Suzano Petroquímica pela Petrobras com ágio de 84% e preço onze vezes maior que o de mercado. "A Petrobras pagou cerca de US$ 1 bilhão acima do valor da empresa", justificou Aleluia. "Vamos propor a CPI e iniciar a coleta de assinaturas imediatamente", informou Rodrigo Maia neste domingo.
Segue a nota distribuída por Maiua:
"Sem levar em conta os graves prejuízos que serão impostos aos contribuintes, aos acionistas da Petrobras e ao Tesouro Nacional, o Governo Lula está conduzindo por baixo do pano, e ao arrepio da Constituição, a reestatização do setor petroquímico.
Tendo em vista os riscos que a operação representa para a economia do país, a Comissão Executiva Nacional do Democratas chama a atenção para os seguintes fatos:
1) a Petrobras acaba de adquirir a Suzano Petroquímica numa operação eivada de suspeitas e de ilegalidades. O valor da operação foi de R$ 2,7 bilhões, preço que superou em 11 vezes a geração de caixa da Suzano;
2) levando em conta o preço de compra e as dívidas da Suzano, a Petrobras pagou cerca de US$ 1 bilhão acima do valor da empresa. Pelo mercado das ações preferenciais no momento da venda (as ordinárias não tinham liquidez, já que eram detidas pelos controladores), o ágio na compra foi de 84%;
3) além das suspeitas de corrupção que cercam o negócio, o valor superfaturado sugere motivação política e não econômica para a aquisição, ou seja, existe estratégia deliberada do governo de levar a Petrobras a assumir o comando do setor petroquímico, sem se preocupar com o retorno do investimento;
4) no início deste ano, a Petrobras já se tornara sócia minoritária relevante do Grupo Ipiranga. Com a transação de agora, a Petrobras passa a ter o controle da Suzano Petroquímica Operacional, da Rio Polímeros, da Petroquímica União e da Petroflex;
5) a reestatização do setor petroquímico é inconstitucional. Segundo o artigo 173 da Constituição Federal, uma empresa brasileira só pode ser reestatizada em caso de Segurança Nacional ou relevante interesse público;
6) a exemplo do “Caso Ipiranga”, o “Caso Suzano” beneficiou ilegalmente os chamados “insiders”, ou seja, detentores de informações privilegiadas. Pelo menos dois investidores, uma pessoa física residente no Brasil e uma pessoa jurídica estrangeira, teriam sido beneficiadas com lucros de pelo menos R$ 1,5 milhão, com operações realizadas no mesmo dia do anúncio da transação;
Dispostos a lutar, em todas as instâncias institucionais, para esclarecer as verdadeiras motivações deste negócio e encaminhar à Justiça os nomes dos responsáveis por eventuais prejuízos ao Erário e aos acionistas da empresa, o Democratas propõe a instalação imediata de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso".