São incontáveis as charges e piadas que ridicularizam Lula da Silva na mídia, em geral, e na Internet, em particular. A última “frase do dia” do mundo virtual é sugestiva: “A mentira tem pernas curtas, língua presa, barba branca, um dedo a menos e duas 'oreia'.” À parte o sempre condenável mau gosto da menção a deficiências físicas, podemos inferir que a diminuta parcela pensante da opinião pública, patrioticamente atenta ao cenário nacional, já percebeu que o Presidente da República mente com o descaro e a impudência de um fauno.
Não vamos pensar, entretanto, que nosso supremo mandatário seja o único Pinóquio da política nacional. Os exemplos são abundantes e perenes. O presidente do Senado, Sr Renan Calheiros, por exemplo, é o mentiroso em cartaz; e suas mentiras chocam pela desfaçatez. Se os fatos inequívocos estão contra ele, que se danem os fatos. Mas deixemos, por enquanto, o senador se enrolar ainda mais em suas explicações autopredatórias; até porque, mesmo que se prove e comprove a culpa do escorregadio Renan, ele nada tem a temer do Supremo Tribunal Federal.
Ora, desde a promulgação da Constituição de 1988, a mais alta corte do Brasil jamais condenou um político corrupto que tivesse cumprido pena e servido à justiça, conforme costuma acontecer nos países civilizados. Abstinência? Coincidência? Jurisprudência? Conivência? Inconsciência? Seja lá o que for, temos o direito de desconfiar de algum tipo de sujeira. Não é possível que toda essa corja que passou pelo crivo do STF e saiu impune ou ilesa, ao longo desses nove anos, seja, na verdade, uma plêiade de candorosos baluartes da moral e dos bons costumes. Melhor deixar pra lá... Falemos disso outro dia. Nossa implicância de hoje é com as recentes fabulações do Sr Lula da Silva com respeito à crise da aviação.
Nosso alambicado Presidente, quando ainda em campanha para abocanhar o poder, assinou um artigo intitulado "Morte anunciada do transporte aéreo", publicado na Gazeta Mercantil de 7 de janeiro de 2002; o texto antecipava o colapso do transporte aéreo e exigia providências do governo de então. Hoje, pálidos de espanto como o poeta, testemunhamos o mesmo Lula da Silva a afirmar que seu governo não tinha conhecimento da gravidade dos problemas no setor aéreo brasileiro.
Será que, em 2002, Lula da Silva não leu o texto que assumiu? Ninguém leu para ele? Alguém acredita que foi algo como “assina aqui e depois eu explico do que se trata”? É difícil de aceitar esta versão. Queremos crer que o supremo mandatário costuma tomar conhecimento do que se encontra escrito no papel onde ele capricha na assinatura. Talvez tenha esquecido. Um cérebro indisciplinado, desafeito ao raciocínio e à associação de premissas, até mesmo por carência de vocabulário, torna-se imediatista e tem o alcance extremamente limitado ao que está diante do nariz. Pode ser. A hipótese mais provável, contudo, em nossa modesta opinião, é a de uma mentira pura e simples; obtusa, afobada, quase infantil.
Lula da Silva vai mais longe. Asseverou que, nas cinco eleições em que concorreu à Presidência, o tema "crise aérea" jamais foi mencionado. Mentira; basta rever o debate da TV Bandeirantes na eleição passada. Dizia antes Lula da Silva: “Temos problemas em alguns aeroportos, mas não existe crise". Algumas semanas depois, lá vem ele de novo: "Quero um prazo, com dia e hora, para comunicar ao país que os aviões voltaram a voar normalmente". Uma enxurrada de balelas e de sofismas.
A coisa vai assumindo gravidade maior, quando se divulga um alerta ao Planalto, datado de 2003, do então Ministro da Defesa, José Viegas, sobre o risco de decadência do sistema aéreo brasileiro. O Presidente não lê os despachos de seus Ministros que lhe são endereçados? “É claro que sim”, responde em uníssono a súcia de malandros da Nomenclatura. “Então”, replicamos nós, “se é assim, a credibilidade não é uma virtude presidencial, e Lula da Silva tem, na carne e na alma, a compulsão da mentira”.