Os atletas cubanos que vieram aos Jogos Pan-Americanos reafirmaram, de forma cabal, nossa convicção do estrondoso fracasso do regime socialista, em geral, e do socialismo castrista, em particular. Deram mais um exemplo de que socialismo e democracia são conceitos incompatíveis.
Dois boxeadores, um jogador de handebol e o técnico de ginástica artística desertaram da delegação cubana e, gozando do privilégio de estarem numa terra livre — embora o governo seja simpatizante, o regime aqui ainda não é o socialismo — decidiram não mais voltar para o inferno em que o ditador Fidel Castro transformou o país deles.
Correram rumores de que haveria um plano de deserção em massa na madrugada de sábado, 28 de julho. É provável que houvesse. Quem, com um mínimo de bom senso, ousaria duvidar? Fosse como fosse, Fidel Castro achou melhor não arriscar; ato contínuo, “ordenou” — este é o termo — que os 200 integrantes da equipe retornassem imediatamente e sequer participassem da cerimônia de premiação para receber a medalha de bronze do vôlei ou da cerimônia de encerramento. Num regime socialista, o governante tem este tipo nefando de autoridade.
E como se pode culpar ou criticar alguém por uma atitude angustiada de quem anseia por liberdade? É isto mesmo. Escaparam do socialismo, da mesma forma que tantos outros cubanos antes deles, da mesma forma que milhares de desesperados arriscavam a vida para fugirem dos países socialistas da extinta Cortina de Ferro. O socialismo tende a provocar esse tipo de reação nas pessoas: elas fogem dele como o diabo da cruz.
A História no-lo ensina: em Cuba, como similarmente em todos os demais regimes socialistas passados ou presentes, existe apenas um partido político, não há eleições livres, a imprensa é censurada, impera a perseguição política e religiosa, os críticos do governo sofrem punições severas, as opiniões sujeitam-se a patrulhamento, e os tribunais de ritos sumários torturam e matam, porquanto são tendenciosamente alinhados com a vontade tão arbitrária quanto sanguinária do velho bandoleiro da Sierra Maestra que as esquerdas anacrônicas, por sectarismo ou obtusidade córnea, adoram chamar de “Comandante”. É a apologia da crueldade do totalitarismo.
Digamos que membros de uma equipe de qualquer país democrático, competindo em outro país, resolvesse não voltar para casa. Pergunta-se: poderia o poder político dessa hipotética nação determinar que a delegação regressasse imediatamente, por receio de uma fuga em massa? É claro que não. Nos regimes democráticos, as pessoas são livres para ir ou ficar ou fazer o que bem entenderem de suas vidas. Dariam uma boa banana ao seu presidente e o mandariam cuidar da própria vida.
Pois é. Os cubanos, entretanto, não têm liberdade alguma. Não podem agir dessa forma. E por que não? Porque o regime vigente em Cuba é o socialismo com toda a crueza do socialismo. Os cidadãos não são donos de sua vontade. O “presidente”, que sequer é eleito pelo povo, determina o que deve ser feito, e ai de quem desobedecer. E que não haja dúvidas de que as famílias dos desertores, que ainda estiverem na ilha-cárcere de Fidel Castro, sofrerão as conseqüências da ousadia desse ato.
E o que diz o bandoleiro Fidel? Está furioso a cuspir marimbondos. A deserção, ele afirma, foi um “golpe baixo, porque abala o moral de todos os atletas da ilha”. Nada mais falso. O que realmente afeta negativamente o estado de espírito de um povo e lhe corrói a dignidade é ser coagido à escravidão, submisso à ideologia e à vontade de um canalha que se esconde por trás de um aparato policial sustentado a pão-de-ló por sua fortuna pessoal incalculável, bem guardada e camuflada em paraísos fiscais. Fidel Castro é o cancro das Américas.
E como reage o governo petista em relação a este espetáculo de cinismo e impudência? Para qualquer escória socialista, Cuba é um paraíso e Fidel Castro, um herói a ser emulado. Por isso, se calam. Ora, quem cala consente e tem ganas de aplaudir.