O Estado de S. Paulo |
16/8/2007 |
A ressaca da bolsa americana, ao contrário da alcoólica, que ataca de manhã, veio após as 13 horas. O mercado esperava novas intervenções de peso dos bancos centrais, mas isso não veio. Nada dos US$ 300 bilhões da semana passada. E os índices foram caindo no correr da tarde, após uma boa alta em torno das 3 horas. A partir daí, foi uma queda só. Na verdade, repetiu-se o mesmo cenário de terça-feira, porém, com a ausência do banco central. “O foco ainda é o mercado de crédito. Há muita volatilidade exatamente agora e eu acredito que ela vai continuar, pois há muita incerteza quanto ao subprime (empréstimo imobiliário duvidoso)”, afirmava Jim Herrick, da empresa Robert Baird, ao Wall Street Journal. E, refletindo o outro lado, o da liquidez, Scot Wren, da A.G. Edwards &Sons, afirmava que “o mercado quer ver o Fed continuando a injetar liquidez”. No fechamento, o Índice Dow Jones tinha caído 1,28%; o S&P, 1,39%; e o Nasdaq, 1,61%. De acordo com a agência Reuters, uma das causas teria sido a notícia de dificuldade de liquidez de uma das maiores empresas de hipotecas, a Countrywide Financial Corporation, cujas ações caíram subitamente 21,3%, depois que a Merril Lynch recomendou a venda aos seus clientes. E, depois do fechamento do mercado, ontem, havia ainda rumores de que outras empresas estavam ameaçadas de perdas, sem liquidez. É provável que tenhamos um dia turbulento hoje. TUDO IGUAL - E RUIM O comportamento das ações foi muito semelhante ao do dia anterior. Equilíbrio nas primeiras horas, com apoio do Fed, derrapada e queda em seguida, até um dramático fim de tarde. Nem os indicadores positivos de inflação menor, maior atividade econômica, mais exportação, menor déficit comercial dos últimos tempos e uma demanda interna ainda sustentada, mesmo sem crescimento, ajudaram muito. “O mercado não está se baseando em fundamentos (econômicos), e continua recuando”, registra Robert Pavlic, da Oaktree Asset Management. ASSUSTA? AINDA NÃO Preocupa, sim , mas não há pânico. As autoridades monetárias e européias mantiveram-se atentas, mas sem os grandes gestos heróicos da semana passada. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, perdeu a calma e chegou a pedir, ontem, que os investidores tivessem um pouco de “compostura”, mesmo porque já haviam ganhado muito. Mas ninguém ouviu e todo mundo continuou vendendo. ENTÃO, O QUE MUDOU ONTEM? Houve notícias boas mostrando saudável fundamento econômico e não surgiu nenhuma notícia ruim de peso. Ninguém pediu concordata, havia liquidez no mercado depois da forte injeção de mais de US$ 300 bilhões dos bancos centrais e, aparentemente, a maior parte dos que estavam fugindo tinha vendido, já havia saído. No fundo, essa é uma verdade que parece estranha e maldosa, mas tem de ser reconhecida - os que tinham ganhado muito durante muito tempo tinham de assumir que era hora de perder um pouco, e, mesmo assim, ainda saindo com lucros. E aqui se colocava o desafio dos bancos centrais: deixar quebrar os gananciosos imprudentes que não ouviram os alertas de “olha a bolha!” ou sair em ajuda? O certo seria a primeira hipótese, mas o efeito dominó das perdas, afetando até grandes instituições, poderia contaminar a economia real. Não era só o dinheiro advindo dos lucros na bolsa, efeito riqueza, que deixava de entrar no mercado consumidor, mas também as retiradas injustificadas de americanos de sua poupança, mesmo em aplicações conservadoras. E era isso o que estava começando a ocorrer. Daí a ação dos bancos centrais ao socorrer os imprudentes, que acabaram sendo premiados. Eles conseguiram sacar o dinheiro que haviam arriscado. Isso é válido também para a bolsa brasileira, ela mesma, espantosamente, valorizada por tanto tempo, com investidores em ações acumulando ganhos. AQUI É DIFERENTE Mas, no Brasil, o cenário é outro. Não temos grandes fundos de poupança e de aposentados como nos EUA; igualmente, não há bolha de crédito num mercado imobiliário ainda estreito, que somente agora está indo para o mercado de ações. Ao contrário dos EUA, não temos nenhuma loucura hipotecária no mercado de imóveis. Aqui, os empréstimos são checados e rechecados para comprovar rendimento salarial. O QUE FAZER Ao Brasil , governo e setor privado, cabe pôr em prática medidas para sustentar o atual crescimento saudável da economia nacional. Como? Incentivar investimentos internos e externos de forma consistente, estimular as exportações, cortar gastos produtivos para que haja disponibilidade para o governo investir e, com isso, tornar possível uma redução da carga tributária que arranca 40% do setor privado - você e eu incluídos nisso. Em uma frase, alimentar e sustentar o crescimento atual, que pode ser até de 5%. Dá para esperar? Sim e não. Sim, porque o governo já fez muito. Não, porque não parece disposto a fazer mais. Esperamos que esse susto externo conscientize Brasília de que só crescendo poderemos enfrentar crises. Esta, dá para superar. Mas outras podem ainda estar por vir. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quinta-feira, agosto 16, 2007
Alberto Tamer - Bolsas caem, mas estamos bem
Arquivo do blog
-
▼
2007
(5161)
-
▼
agosto
(461)
- Clipping de 31 DE AGOSTO
- Míriam Leitão - Fatos e efeitos
- Merval Pereira - O mensageiro
- Luiz Garcia - Crime, castigo & prevenção
- Eliane Cantanhede - Teatro do absurdo
- Dora Kramer - De togas muito justas
- Pressão não mudou voto, diz Lewandowski
- Êxito no fracasso Por Sérgio Costa
- Lewndowski teve um voto mutante
- O Senado de joelhos
- Burrice ou má-fé?
- Clipping de 30 de agosto
- "TENDÊNCIA ERA AMACIAR PARA DIRCEU", DIZ MINISTRO ...
- LULA E A MÍDIA Por Alberto Dines
- Dora Kramer - O Senado está nu
- Clóvis Rossi - De cães, elites e "povo"
- Eliane Cantanhede - Vários mundos, dois governos
- Merval Pereira - O futuro do PT
- Míriam Leitão - Os próximos passos
- Lewandowski diz que a tendência era “amaciar para ...
- Erroll Garner in Rome 1972: For once in my life
- Lucia Hippolito,A democracia está viva no Brasil
- ELIANE CANTANHÊDE Alma lavada
- Clipping de 29 de agosto
- Lula quer desvendar o truque
- Congresso do PT - em má hora
- Dora Kramer - O vigor dos fatos
- Clóvis Rossi - Os réus que faltaram
- Míriam Leitão - A moral do caju
- Merval Pereira - Nova chance
- A casa pelo corredor- Roberto DaMatta
- ELIO GASPARI
- Erroll Garner - Jazz 625 - Laura
- Além de não punir, PT ainda festeja seus acusados
- Clipping de 28 de agosto
- Arnaldo Jabor
- Luiz Garcia - Greves & mortes
- Míriam Leitão - O processo
- Merval Pereira - Sem anistia
- O presidente ?tranqüilo?
- Palavra de honra DORA KRAMER
- MAIS PRAGMATISMO NO MERCOSUL
- O dia em que Janene, agora processado pelo STF, co...
- Clipping de 27 de agosto
- FHC diz que PT, não povo, vai pedir reeleição de L...
- Oposição desconfia da promessa de Lula
- Eros Grau:Juiz não tem direito de antecipar voto'
- Antonio Sepulveda,Dialeto único
- Uma acusação "injusta"
- AUGUSTO NUNES SETE DIAS
- Miriam Leitão
- DANUZA LEÃO
- FERREIRA GULLAR
- ELIANE CANTANHÊDE
- CLÓVIS ROSSI
- Maior desafio do País é escolher bons dirigentes
- Mailson da Nóbrega
- Alberto Tamer
- Entrevista do economista José Roberto Mendonça de ...
- A herança bendita
- Celso Ming
- SONIA RACY
- João Ubaldo Ribeiro
- DANIEL PISA
- DORA KRAMER O foro não deu privilégio
- A entrevista de Lula no Estadão deste domingo
- Villas-Bôas Corrêa : O populismo das margaridas
- Eleição de 2010 não depende de crise, diz Serra
- Miriam Leitão Efeito no Brasil
- Celso Ming
- Dora Kramer Suprema informalidade
- FERNANDO GABEIRA
- A força do mensalão
- CLÓVIS ROSSI
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista: João Doria Jr.
- Lya Luft Ignorância e preconceito
- MILLÔR
- André Petry
- Diogo Mainardi
- Roberto Pompeu de Toledo
- O julgamento do mensalão
- Fotógrafo flagra diálogo de ministros do Supremo
- A Câmara vai instalar uma CPI para apurar o grampo
- Um em cada quatro brasileiros está no programa
- O pacote do governo contra o crime decepciona
- Quem é a enrolada Denise Abreu, da Anac
- O Conselho de Ética vai pedir a cassação do senador
- Atentado à liberdade de imprensa
- Desmando em fábricas ocupadas por radicais do PT
- 100 dias de Nicolas Sarkozy na Presidência
- Estrelas, constelações e galáxias no Google Sky
- A vida ao vivo na rede mundial
- Os novos aviões militares que voam sem piloto
- A expansão global dos cassinos
- Angioplastia e medicamentos evitam cirurgias
- Prefeituras européias investem na bicicleta
- O massacre dos gorilas no Congo
- Cidade dos Homens, de Paulo Morelli
- Possuídos, de William Friedkin
-
▼
agosto
(461)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA