Bernardo afirmou ontem, em Curitiba, que o corte proposto por Nakano obrigaria o governo a acabar com o Ministério da Saúde, o da Educação e, provavelmente, com o do Desenvolvimento Social. 'Acabar e não fazer mais nada nessas áreas', acentuou. 'Acho difícil que ele tenha falado nesses termos e, se falou, não leu o Orçamento.' Bernardo esteve em Curitiba a convite de empresários para discutir reivindicações do setor. Mas comunicado à imprensa sobre a visita foi distribuído pelo comitê de campanha pela reeleição do presidente Lula.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, foi na mesma linha. 'Pelo que eu entendi, o próprio Nakano e outros dizem que querem cortar (gastos) para aumentar investimentos, então o que sobra são (os cortes) de gastos sociais', disse.
Ocorre que, por caminhos diferentes, a equipe econômica de Lula tem formulação próxima da de Nakano. Antes do período eleitoral, Bernardo e o ministro Guido Mantega vinham dizendo que seu projeto para o segundo mandato era cortar os gastos do governo gradativamente, em degraus de 0,1 ponto porcentual do PIB, e manter a economia para pagamento de juros - o superávit primário, hoje com meta de 4,25% do PIB. Assim, o governo chegaria ao ponto em que sua arrecadação seria suficiente para cobrir a totalidade de suas despesas - o chamado déficit nominal zero.
Detalhe: este ano, o déficit nominal do governo central alcançou 3,18% do PIB, de janeiro a agosto. Isso quer dizer que para chegar ao ponto desejado pelos ministros, será necessário cortar gastos em valor próximo dos 3% do PIB de Nakano. Antes, Bernardo previa atingir esse patamar até 2009 ou 2010.”