Lula muda da água para o refresco
03.10, 16h28
por Villas-Bôas Corrêa, do site NoMínimo
A especulação está solta na praça e buscará todos os caminhos e atalhos para tentar adivinhar o resultado do segundo turno. Todos os esforços são bem-vindos e respeitáveis, como estimulantes da mobilização popular. E nada detém a coceira dos adivinhos amadores e dos profissionais dos institutos de pesquisas.
Na primeira fase curta, nervosa e intensa da caça às alianças no mercado de partidos e lideranças disponíveis, tenta-se a costura dos acordos óbvios e avança-se nas áreas duvidosas. E, no plano mais alto das investigações da imprensa e dos teóricos especialistas no ramo, cada episódio das rixas estaduais, das vitórias e derrotas é virado e revirado pelo avesso para a antecipação das suas prováveis influências na decisão do mano a mano das urnas de 29 próximo, daqui a exatos 25 dias.
A vitória do tucano Geraldo Alckmin, com as achegas das votações de Heloísa Helena, Cristovam Buarque e outros menos votados que bloquearam a disparada do candidato-presidente Lula à maioria absoluta, liquidando a fatura no primeiro turno, aconselha doses duplas de cautela nos palpites dos ansiosos e tripla aos advertidos pesquisadores especializados.
Sem nenhuma pretensão de ensinar reza aos vigários crentes e ateus, apenas lembro as experiências recentes de decisões no segundo turno, como na eleição do novo senador alagoano Fernando Collor de Melo, em 1990, e na eleição de Lula, em 2002, quando derrotou o tucano José Serra, que acaba de ser eleito governador de São Paulo.
Lula perdeu uma eleição quando tinha todas as condições para ganhar, com o catastrófico desempenho no debate, no mano a mano do segundo turno, contra Collor. Lição exemplar: foi melhor no primeiro debate e disparou nas pesquisas; meteu os pés pelas mãos no segundo, e entrou pelo encanamento.
Na quarta tentativa que o levou ao Palácio do Planalto foi carregado pela militância do PT, nos bons tempos em que a bandeira vermelha arrastava multidões e a boca de urna virava votos aos milhões pelo Brasil. Mas, Lula participou das rodadas de debates no primeiro e no segundo turno com atuações sofríveis, que não resvalaram no seu favoritismo absoluto. Marchou para a decisão pisando firme, com a eleição garantida pela vantagem carimbada pelas pesquisas.
Agora, o quadro é outro. Tudo é importante e pode fazer a diferença numa corrida de alta velocidade, na reta de três semanas. Do alinhavo de apoios dos milionários de votos estaduais às próximas etapas da novela do R$ 1,75 milhão apreendido com petistas para a compra do dossiê contra o candidato tucano José Serra, com rebate no candidato Geraldo Alckmin.
O governo está acuado pela aflitiva urgência na apuração da origem da dinheirama e da identificação do articulador da marota e desastrada armação, antes que a exposição das fotos com as pilhas de notas novinhas, saídas da forma, de reais e de dólares complete o desmonte da imagem popular do benfeitor dos pobres e generoso distribuidor de milhões de Bolsas Família.
Não falta munição ao candidato oposicionista para manter a ofensiva na série debates que devem ser promovidas por todas as emissoras de televisão. E se o estilo de Alckmin é mais para a amenidade dos temas administrativos, nos últimos dias da campanha, sob pressão e cobrança enérgica dos aliados, ganhou a agressividade que impulsionou a ascensão vitoriosa para o segundo turno.
Tudo é importante e qualquer escorregão pode mudar o voto de milhares, de milhões. Certo mesmo é a poderosa influência das previsíveis polêmicas na decisão do eleitor.
A definição afunila para as três semanas de crescente mobilização popular. Debate mano a mano é a fórmula perfeita para sacudir o eleitor, despertá-lo da indiferença, curar decepções, espanar a poeira das muitas e justas frustrações dos escândalos da corrupção, do mensalão, do caixa dois, das ambulâncias superfaturadas das trampas dos sanguessugas, da decadência moral do Congresso, doente terminal da praga ética.
A mudança da tática escapista, faltando aos debates ao alto preço da exibição da cadeira vazia e nas negativas a falar com a imprensa é a mais límpida evidência do reconhecimento do erro. Horas amarguradas na revisão dos equívocos e na cobrança das falhas cabeludas de assessores diretos operaram o milagre da ressurreição do candidato risonho, bem-humorado, solícito a ponto de convidar a imprensa para a primeira entrevista coletiva com direito a perguntas dos jornalistas em três anos, nove meses e dois dias de mandato.
O fantasma da derrota apavora o mais destemido dos mortais.
E leva o candidato ao desatino.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2006
(6085)
-
▼
outubro
(507)
- Abusos, ameaças e constrangimentos a jornalistas d...
- A blitzkrieg contra a Veja e a ação em favor da im...
- Após agressão a jornalista, petista Garcia ataca m...
- Blitzkrieg
- Eu perguntei e FHC também pergunta: "Para onde vai...
- Imprensa ameaçada: no dia em que jornalistas apanh...
- AUGUSTO NUNES O protetor dos patifes
- Gustavo Ioschpe Perversões da democracia
- CLÓVIS ROSSI Senta que o leão é manso
- Petrobrás cede tudo
- O ‘fim da era Palocci’
- Neopresidencialismo à vista - Jarbas Passarinho
- ALI KAMEL Nem milagres nem bruxarias
- Da intenção aos atos
- Avanço de sinal
- A força da desigualdade por José Pastore
- FHC descarta hipótese de pacto com PT
- Míriam Leitão - Luta de poder
- Merval Pereira - Dores do crescimento
- Luiz Garcia - Os indecisos e o esquecido
- Eliane Cantanhede - Tudo ao mesmo tempo
- Dora Kramer - O dado concreto
- Celso Ming - O fim de uma era?
- Arnaldo Jabor - O colunista em coma político
- "Os estados produtores têm sido penalizados"
- A VITÓRIA DO NOVO CORONELISMO por Augusto de Franco
- Miriam Leitão Os motivos de comemoração
- A impostura recompensada
- Privatizações DENIS LERRER ROSENFIELD
- Privatização virou palavrão MARCOS CINTRA
- O custo do estelionato eleitoral
- Lula e mais Lula JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI
- Simpático, Lula não entende a democracia
- O caminho da economia no Brasil Raul Velloso
- Miriam Leitão O Brasil encerra esta eleição vivend...
- MERVAL PEREIRA -Lula cresce
- JOÃO UBALDO RIBEIRO A domingueira
- FERREIRA GULLAR Hora de optar
- RUBENS RICUPERO Anticlímax
- ELIANE CANTANHÊDE "Lula de novo"
- CLÓVIS ROSSI O teatro e o monstro bifronte
- Daniel Piza
- Alberto Tamer Governo quebrado tem de abrir o...
- CELSO MING Hora da opção
- A guerra da ética contra o bolso Gaudêncio Torquato
- Isolamento do Brasil em sua região Sérgio Amaral
- Fracasso do governo
- DORA KRAMER Campanha permanente
- Votando sem saber no quê
- A incrível fé de Lula Maílson da Nóbrega
- ENTREVISTA Jefferson Péres
- AUGUSTO NUNES SETE DIAS
- O dossiegate é o Riocentro do PT, e Lula é o gener...
- CLÓVIS ROSSI Não vale o que está escrito
- CELSO MING O microcrédito não avança
- Roteiro da resistência Mauro Chaves
- DORA KRAMER Do brilho à sombra
- Miriam Leitão Clareira
- MERVAL PEREIRA -A mutação de Lula
- DEBATE NA GLOBO : Foi um vexame: a "Síndrome Motor...
- VEJA:Carta ao leitor
- VEJA Entrevista: Eliot Cohen
- MILLÔR
- Diogo Mainardi Thoreau contra o lulismo
- André Petry Tudo às escuras
- Reinaldo Azevedo É preciso civilizar os bárbaros ...
- Os dois Brasis que chegam às urnas
- Eleitores dizem por que votam em Lula ou em Alckmin
- Day after: como será o Brasil em 2007 se Lula vencer
- Negócio gigante da Vale mostra a força da privatiz...
- O Brasil patina num mundo que cresce rápido
- As relações de Lulinha com o lobista
- O enrolado ex-cliente de Vavá
- Vôo 1907: a versão dos pilotos do Legacy
- Sexo por baixo dos panos no Islã
- Bom de coração
- Mr. Gore vai a Hollywood
- Memória coletiva
- Suave é a noite
- Inferno sem lei
- Quando o paranóico tem razão
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS E ponto final
- Renata Lo Prete Não tragou nem fumou
- CLÓVIS ROSSI A comparação que interessa
- NELSON MOTTA O bafo da onça
- Fatos e versões
- Míriam Leitão - Últimas horas
- Merval Pereira - Opções de Lula
- Luiz Garcia - Para nossa vergonha
- Dora Kramer - Um olhar estrangeiro
- Celso Ming - Efeito China e Plano Alckmin
- 'PT e PSDB estão vazios de idéias'
- Paulo Delgado fala
- Ministério da Saúde torna oficial o racismo no SUS
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG A rendição dos tucanos
- As batatas por OTAVIO FRIAS FILHO
- Para FHC, Lula está "enterrado em escombros"
- Míriam Leitão - O tempo do avesso
- Merval Pereira - Símbolos manipulados
- Eliane Cantanhede - Obedece quem tem juízo
-
▼
outubro
(507)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA