O que mais impressiona na farra de falcatruas do PT é que ela persiste, apesar dos escândalos |
Não há que se surpreender com isso. O político cara-de-pau não hesita em negar a mais incontestável das evidências, se ela o compromete e pode lhe tirar votos. Você lê e não acredita no que leu, mas é que ele não está se dirigindo a você e, sim, ao eleitor dele. Sabe muito bem que finge e mente, e que ninguém acreditará no que afirma, exceto o eleitor que vota nele e que só necessita de uma desculpa qualquer para continuar votando. Por isso, Maluf garantiu que a assinatura não era dele, embora a perícia o tivesse comprovado, e Lula garantiu que está louco para discutir problemas éticos, quando se sabe que essa é a última coisa que gostaria de fazer. Mas, ao ler isso, o eleitor petista respira aliviado, certo de que, conforme desejava crer, todas aquelas acusações contra seu líder e seu partido são "calúnias da elite". Faz lembrar Nelson Rodrigues, que recomendava à esposa adúltera: "mesmo que seja surpreendida, nua, na cama com o amante, negue, negue veementemente". É que sempre há a hipótese de que o marido (ou o eleitor), preferindo não saber a verdade, aceite a mentira. Essa é a esperança de Lula e Tarso Genro.
Mas, a par disso, devemos reconhecer que os petistas, particularmente os dois citados, são mestres em simulações, verdadeiros atores e tanto melhores se o gênero é a farsa. Veja o que disse Lula, antes mesmo de iniciada a campanha do segundo turno: "Preferia discutir projetos de governo, mas estou com muita vontade de debater ética e corrupção".
Ou seja, nada aconteceu que atinja moralmente o governo. O PT comprou deputados? Não, é claro que não. Petistas foram surpreendidos com montanhas de cédulas de dólares e reais num quarto de hotel? É claro que não. E as pessoas envolvidas nesse escândalo tinham alguma vinculação com Lula e seu governo?
Evidente que não, gente! Um deles era apenas seu assessor especial; outro, seu churrasqueiro; outro, um dos autores de seu plano de governo; o quarto, diretor do Banco do Brasil e integrante da equipe da campanha para sua reeleição;o quinto, o próprio coordenador da campanha e presidente do PT. Isso, sem falar no transportador do dinheiro, coordenador da campanha de Mercadante.
Como se vê, pessoas totalmente desvinculadas de Lula e do seu partido, tão desvinculadas que só mesmo inimigos desleais e uma imprensa facciosa seriam capazes de levantar as suspeitas que levantaram. Logo, não há o que temer em falar de corrupção durante este segundo turno e, se a oposição cair nessa tolice, vai se ferrar, porque, como se sabe, Lula, que é o maior presidente que já houve no mundo, que criou a Petrobras, a Eletrobrás, o futebol brasileiro e as escolas de samba -isso sem falar no funk e no xaxado- é também o maior campeão de ética de todos os tempos. Desafiá-lo, nesse terreno, é derrota certa.
Agora, falando sério, o que mais impressiona nessa farra petista de falcatruas é que ela persiste, apesar dos escândalos que tem provocado. É verdade que corrupção sempre houve e essa é, com razão, a única prioridade que Lula não reivindica para seu governo. Mas ficava restrita, quase sempre, a fatos pontuais, não esta avalanche com que o governo petista afogou o país. Como observou o governador Aécio Neves, Lula já está governando com seu terceiro time, porque os dois primeiros foram expulsos de campo por corrupção acintosa.
E como se não bastasse, veio o escândalo do dossiê, para espanto geral. E o que são agora os boatos de que Alckmin iria privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil, senão a mesma guerra suja? Muita gente se pergunta: eles são aloprados? Não, não são aloprados; são corruptos, são viciados em corrupção. O debate da Band revelou outro escândalo: o autor da boataria das privatizações é o próprio Lula! É que eles não conseguem conter-se, como o escorpião que pica a jia, mesmo sabendo que vai afundar junto com ela. A corrupção é sua segunda natureza.