LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O superintendente da Polícia Federal de São Paulo, Geraldo Araújo, disse ontem ser inverossímil a defesa apresentada pelo ex-policial Gedimar Passos, que afirmou ter sido induzido pela própria PF a citar Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como envolvido na compra de um dossiê contra tucanos.
"Gedimar [Passos], que se aposentou na Polícia Federal e é advogado, certamente saberia ter se defendido numa situação de suposta pressão. Além disso, ele teve outras oportunidades para retirar a acusação contra Godoy, mas não o fez", disse o superintendente.
Foi numa manifestação escrita enviada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), protocolada no dia 3, que o ex-policial voltou atrás e inocentou Godoy de ter participado da tentativa de compra do dossiê.
No documento, Passos afirmou que, no dia 15 de setembro, quando foi surpreendido pelo delegado da PF Edmilson Pereira Bruno com R$ 1,7 milhão, citou o nome do ex-assessor em troca da "falsa promessa de liberdade" supostamente feita pelo policial.
"Sob a promessa de não ser detido, o representado [Passos] declinou o nome de um membro do governo que se lembrava por ter acompanhado em um trabalho anterior de segurança em comitê eleitoral", informou o ex-policial no documento.
O superintendente da PF diz que, depois do primeiro depoimento ao delegado Bruno, o ex-policial Passos participou ainda de uma acareação com Freud Godoy e, depois, foi ouvido pela PF de Cuiabá. "Em nenhum momento, no entanto, Passos retirou a acusação."
Sem pressão
O delegado Bruno, que prendeu o ex-policial negociando o dossiê com o petista Valdebran Padilha, afirmou que Passos citou o nome de Godoy em duas ocasiões diferentes: no momento em que foi detido, ainda no hotel, e na delegacia, quando prestou depoimento formal.
As duas menções ao nome de Godoy ocorreram antes das 21h do dia 15 de setembro, ou seja, quando o ex-policial ainda era ouvido como testemunha do caso, não como investigado.
No momento da prisão, disse Bruno, o ex-policial falou de outros petistas que supostamente teriam tido conhecimento da negociação do dossiê, mas ele se negou a colocar seus nomes no papel. O único petista que ele admitiu acusar formalmente foi Godoy.
No primeiro depoimento, o ex-policial disse que o pagamento do R$ 1,7 milhão foi feito "a mando de uma pessoa de nome Froude ou Freud". Ainda segundo o delegado Bruno, quando o ex-policial citou o suposto chefe, não tinha dúvidas sobre a pronúncia, mas sobre a grafia do nome.
Desde o dia em que viu seu nome ser envolvido no caso, Godoy vem reafirmando que não participou, em nenhum momento, da negociação de documentos que prejudicassem a candidatura de tucanos.
Afirmou que conheceu o ex-policial Passos recentemente, durante um trabalho para o PT, e que trocaram alguns telefonemas, mas nunca sobre o dossiê. Disse ainda que desconhece o motivo de o seu nome ter surgido no caso.
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, outubro 12, 2006
Defesa de ex-policial é inverossímil, diz chefe da PF paulista
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