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Na próxima VEJA, escrevo um artigo sobre a imprensa e o que dizem dela por aí. De fato, trata-se de um texto sobre o jornalismo e o poder. Essa relação já foi incestuosa. Hoje em dia, em todo o mundo livre, tende a ser, felizmente, um tanto conflituosa — falo de jornalismo, não de mascates de opiniões. Na falta de um culpado, os poderosos fazem como Louis, aquele policial corrupto de Casablanca: “Prendam os suspeitos de sempre”. Ou seja: a imprensa.
Lula, ontem, fez mais uma das suas. A coisa poderia ser tomada como fato isolado, mas não é. O homem resolveu meter a sua colher no “Escândalo da Sogra”, no Ceará. Vocês sabem: o govenador Cid Gomes fretou um jatinho, viajou por cinco cidades européias em companhia da mulher, da sogra, de um secretário, um assessor, mais as respectivas digníssimas de ambos. E o que fez Lula, o homem que já defendeu das maldades da imprensa tanto Renan Calheiros como Severino Cavalcanti? Ora, saiu em defesa de Cid também. E nestes termos: “A gente não pode permitir que um companheiro da qualidade do Cid seja mostrado a nível nacional apenas porque atendeu a um pedido da mulher para levar sua mãe. Sei o que é isso e você tem a minha solidariedade."
Como se vê, Lula falava de si mesmo. O “sei o que é isso” não deixa a menor dúvida. Imaginem se alguém vai se meter na vida conjugal de Cid e sua mulher. Ela lhe faça quantos pedidos quiser. O problema é o governador atendê-los com dinheiro público, não é mesmo? O presidente ainda achou que era pouco: “Se, em vez de sua sogra, você tivesse levado um empresário, não teria tido problema”. Depende. O empresário estaria no avião a passeio, a exemplo da madame Gomes, ou iria cuidar de levar investimentos para o Ceará?
“A gente não pode permitir que um companheiro como Fulano...” Podem pesquisar. Essa é uma fórmula de Lula. O presidente não acredita que existam crimes, ilicitudes ou irregularidades previstos em lei. Os atos são ou não viciosos a depender sempre de seus autores. E um “companheiro”, por princípio, está acima — ATENÇÃO!!! — não da suspeita, mas da própria lei.
Lula tornou-se, de fato, um aristocrata à moda antiga e tem o poder de aristocratizar os aliados. Os políticos podem adquirir títulos de nobreza: basta, no caso, que sejam amigos do rei. E pronto: aí “não se pode permitir que...”. Cid fez o seu Aviãozinho da Alegria? E daí? Isso seria condenável num outro político, não em alguém com a sua “qualidade”. Como Lula “sabe muito bem o que é isso”, está afirmando o óbvio: “A imprensa pega injustamente no seu pé, como pega também no meu; os caras querem saber até os gastos do presidente! Veja que absurdo!!!” É... Mais um pouco, e a imprensa ainda acaba se atrapalhando e achando que o Brasil é uma república...
Lula poderia usar a sua enorme popularidade para refinar a democracia brasileira; para torná-la mais transparente; para fazer com que as instituições avançassem. Mas, aí, teria de ser outra a sua natureza, outra a natureza de seu partido, outra a natureza de seus partidários. O dia de ontem foi exemplar.
Os tontos-maCUTs do petismo, tão logo saiu a notícia da elevação do rating (ver texto abaixo), invadiram o blog: “Aí, você se f _ _ _ U!!!”. Eu??? Por acaso previ aqui algum desastre decorrente da política econômica? Pouco antes, José Alencar, o vice, insistia, numa entrevista de rádio, no terceiro mandato, com a simplicidade de um vendedor de camiseta. Sua tese: “Se o povo quer mais, por que não?” Alguém poderia lembrar ao vice: “E quando a popularidade de um presidente cai, a gente deve dar um golpe de estado?”
É interessante notar como se conseguiu tornar corrente a idéia de que a popularidade confere ao mandatário a licença para mandar a lei às favas, como se esta só devesse colher, sei lá eu, os “impopulares”. Lula ontem usou, mais uma vez, os seus 70% de aprovação para aquiescer com a bandalheira.
Lula, ontem, fez mais uma das suas. A coisa poderia ser tomada como fato isolado, mas não é. O homem resolveu meter a sua colher no “Escândalo da Sogra”, no Ceará. Vocês sabem: o govenador Cid Gomes fretou um jatinho, viajou por cinco cidades européias em companhia da mulher, da sogra, de um secretário, um assessor, mais as respectivas digníssimas de ambos. E o que fez Lula, o homem que já defendeu das maldades da imprensa tanto Renan Calheiros como Severino Cavalcanti? Ora, saiu em defesa de Cid também. E nestes termos: “A gente não pode permitir que um companheiro da qualidade do Cid seja mostrado a nível nacional apenas porque atendeu a um pedido da mulher para levar sua mãe. Sei o que é isso e você tem a minha solidariedade."
Como se vê, Lula falava de si mesmo. O “sei o que é isso” não deixa a menor dúvida. Imaginem se alguém vai se meter na vida conjugal de Cid e sua mulher. Ela lhe faça quantos pedidos quiser. O problema é o governador atendê-los com dinheiro público, não é mesmo? O presidente ainda achou que era pouco: “Se, em vez de sua sogra, você tivesse levado um empresário, não teria tido problema”. Depende. O empresário estaria no avião a passeio, a exemplo da madame Gomes, ou iria cuidar de levar investimentos para o Ceará?
“A gente não pode permitir que um companheiro como Fulano...” Podem pesquisar. Essa é uma fórmula de Lula. O presidente não acredita que existam crimes, ilicitudes ou irregularidades previstos em lei. Os atos são ou não viciosos a depender sempre de seus autores. E um “companheiro”, por princípio, está acima — ATENÇÃO!!! — não da suspeita, mas da própria lei.
Lula tornou-se, de fato, um aristocrata à moda antiga e tem o poder de aristocratizar os aliados. Os políticos podem adquirir títulos de nobreza: basta, no caso, que sejam amigos do rei. E pronto: aí “não se pode permitir que...”. Cid fez o seu Aviãozinho da Alegria? E daí? Isso seria condenável num outro político, não em alguém com a sua “qualidade”. Como Lula “sabe muito bem o que é isso”, está afirmando o óbvio: “A imprensa pega injustamente no seu pé, como pega também no meu; os caras querem saber até os gastos do presidente! Veja que absurdo!!!” É... Mais um pouco, e a imprensa ainda acaba se atrapalhando e achando que o Brasil é uma república...
Lula poderia usar a sua enorme popularidade para refinar a democracia brasileira; para torná-la mais transparente; para fazer com que as instituições avançassem. Mas, aí, teria de ser outra a sua natureza, outra a natureza de seu partido, outra a natureza de seus partidários. O dia de ontem foi exemplar.
Os tontos-maCUTs do petismo, tão logo saiu a notícia da elevação do rating (ver texto abaixo), invadiram o blog: “Aí, você se f _ _ _ U!!!”. Eu??? Por acaso previ aqui algum desastre decorrente da política econômica? Pouco antes, José Alencar, o vice, insistia, numa entrevista de rádio, no terceiro mandato, com a simplicidade de um vendedor de camiseta. Sua tese: “Se o povo quer mais, por que não?” Alguém poderia lembrar ao vice: “E quando a popularidade de um presidente cai, a gente deve dar um golpe de estado?”
É interessante notar como se conseguiu tornar corrente a idéia de que a popularidade confere ao mandatário a licença para mandar a lei às favas, como se esta só devesse colher, sei lá eu, os “impopulares”. Lula ontem usou, mais uma vez, os seus 70% de aprovação para aquiescer com a bandalheira.
Como bem lembrou o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, em entrevista à VEJA, na democracia, nenhum Poder é soberano. Muito menos o poderoso de turno.