Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 23, 2008

O controle da dengue


editorial
O Estado de S. Paulo
23/5/2008

Ações contínuas de prevenção à dengue, aumento do número de agentes dedicados ao combate ao mosquito Aedes aegypti, campanhas de informação e operações conjuntas de órgãos dos governos estadual e municipal resultaram em surpreendente redução no número de casos da doença na maioria dos municípios paulistas. De janeiro a abril foram registrados no Estado de São Paulo 1,6 mil casos confirmados de dengue, o que representa diminuição de mais de 95% no número de ocorrências em comparação com o mesmo período do ano passado. Na cidade de São Paulo, a doença atingiu 103 pessoas - total quase 20 vezes menor do que o apresentado em 2007. Já no Estado do Rio de Janeiro, este ano foram registrados 145.350 casos de dengue, com 109 mortes.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 230.829 pessoas contraíram a doença em todo o País nos quatro primeiros meses do ano, ante 258.795 em igual período de 2007. As autoridades federais desenvolveram intensa campanha de combate à dengue no primeiro quadrimestre do ano.

No início do mês, em Salvador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva engajou-se na campanha. Segundo ele, cada cidadão tem de cuidar do seu quintal, evitando que se forme “poça d’água à espera de um casal que faça seu acasalamento ‘mosquitório’ e gere um mosquitinho para picar uma pessoa”. O combate à dengue, para Lula, é responsabilidade “de cada cidadão”.

É certo que a população tem importante papel no combate à dengue. Tanto quanto os governantes. As ações empreendidas no Estado de São Paulo, e que resultaram na redução drástica da doença, somaram esforços dos governos e de entidades civis, como escolas, igrejas, associações e sindicatos. Todos compreenderam a necessidade de atuação permanente e não apenas nos meses em que as estatísticas da doença explodem.

Na capital paulista, grandes mutirões vêm sendo realizados desde o ano passado, reunindo desde agentes de prevenção até os chamados caminhões cata-bagulho. Houve casos, como em Campo Limpo, na zona sul, em que, num único sábado, 4 mil e 600 profissionais, entre médicos, enfermeiros, biólogos e veterinários, visitaram mais de 50 mil imóveis. Orientaram os moradores sobre como evitar o aparecimento do mosquito, instalaram telas protetoras em caixas d’água, distribuíram folhetos, cartazes e selos com informações sobre a prevenção da doença. Equipes de até 250 funcionários das subprefeituras e dezenas de caminhões acompanham os mutirões para recolher entulho das ruas.

No trabalho de orientação da população, a coordenadoria do Programa Municipal de Vigilância e Controle da Dengue chega, inclusive, a ministrar palestras para determinados setores profissionais. O sindicato dos corretores de imóveis, por exemplo, já abriu suas portas para que palestras fossem ministradas aos profissionais que têm sob seus cuidados imóveis vagos e, portanto, com grande risco de servirem de criadouros de insetos.

A Prefeitura tratou de manter e ampliar os ecopontos, terrenos onde a população pode depositar entulhos, móveis velhos e outros tipos de material que, abandonados nas ruas ou quintais, se transformam em criadouros de mosquito. De 2003 a 2007, a média anual de descarte nos 25 ecopontos em funcionamento saltou de 32,5 metros cúbicos para 1.492,11 metros cúbicos.

Na maioria dos 645 municípios paulistas as entidades locais têm mantido permanente campanha de combate à doença, embora cidades como Araraquara e Ribeirão Preto apresentem grande incidência de casos. Em todo o Estado, 800 funcionários da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e 20 mil das prefeituras atuam no programa de mobilização social contra a dengue. Ações constantes de conscientização e investimentos na vigilância levaram ao índice de redução de mais de 95% no número de casos.

O controle da dengue exige empenho coletivo, compartilhamento de responsabilidade e ações preventivas permanentes.

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