Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 24, 2008

LYa Luft

A pena de morte

"Não sou nem quero ser boazinha nesse assunto. 
Quero pelo menos prisão perpétua, que assuste 
um pouco os bandidos que se sabem impunes"

Faz alguns dias, num rompante de indignação, escrevi que deveria haver pena de morte no país para crimes monstruosos. Devo dizer que, no fundo, não penso assim. Isto é, racionalmente e calmamente, rejeito a idéia. Parece que nos países em que a pena de morte existe não diminui muito a criminalidade ou ela provoca tremendas injustiças. Vários casos de análise de DNA – desconhecida no tempo de algumas execuções – demonstraram que houve a condenação e a morte de inocentes.

Mas que neste nosso país deveriam ser instituídas leis muito mais rigorosas, isso é inegável. Aliás, acaba de ser aprovada no Congresso uma primeira medida nesse sentido. É um começo. Acredito firmemente na redução da idade em que alguém passa a ser legalmente responsável por seus atos. O jovenzinho a que também me referi na citada crônica, que com cerca de 15 anos matou dezessete pessoas, e admitiu isso friamente, dando de ombros, foi encaminhado a algum centro de ressocialização. Quinze dos crimes foram comprovados. Se não houver alguma grave interferência, ele sairá em breve, para matar, quem sabe, teu filho, tua esposa, tua neta. Os que cedo começam a matar, com ou sem influência de drogas, são pequenos monstros morais. Dificilmente se reeducam. Devem ser afastados da sociedade, realizando trabalhos físicos produtivos, como deveriam todos os presos adultos, para compensar, ao menos minimamente, uma sociedade devastada pela violência. Os crimes deveriam ser menos favorecidos por leniências e subterfúgios, e pelos mil recursos que atrapalham e inibem a lei.

Não sou nem quero ser boazinha nesse assunto. Quero pelo menos prisão perpétua, que assuste um pouco os bandidos que se sabem impunes, muitas vezes apoiados pela força inaudita do narcotráfico. Repetirei sempre, por mais que muitos se aborreçam: se cada pessoa que usa maconha ou outra droga fornecida por traficantes pensasse que a cada baforada, cheirada ou injeção está fortalecendo a criminalidade; se as autoridades conseguissem de verdade eliminar das favelas e de outros pontos o narcotráfico que ali impera e reina; se os corruptos dos altos e baixos escalões fossem punidos e não afagados, creio que se poderia controlar a violência por estes pagos.

Não posso deixar de mencionar mais uma vez a questão da educação. Os analfabetos são a grande maioria dos brasileiros. Alfabetizado não é quem assina o nome: é quem assina o nome num documento que leu e compreendeu. Portanto, que pode obter informações e fazer escolhas conscientes. As manadas de meninos e meninas que jamais entraram numa escola, ou não concluem o 1º grau e andam pelas ruas, expostas à droga e à prostituição, são uma calamidade. Se fosse possível – e com real determinação é possível – botar essa meninada em escolas em tempo integral; se fosse possível, e é, expulsar os traficantes das favelas de todas as grandes cidades; se fosse possível, e é, punir exemplarmente os corruptos públicos, dando esperança às pessoas comuns, certamente ninguém mais precisaria, como eu naquele momento de grande susto, pensar em pena de morte nem sentir que vive nas trincheiras de uma guerra insensata.

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